sexta-feira, fevereiro 13, 2009

"pai à força"


pronto, é oficial: estou a ficar lamechas. este estado tem vindo a manifestar-se há algum tempo a esta parte (aliás, acho que sempre esteve dentro de mim, se bem que devidamente controlado e, por que não dizê-lo, camuflado), mas agora torna-se difícil contrariar esta importante faceta da minha vida. vamos por partes: sempre desconsiderei o produto nacional em termos artísticos, sejam eles musicais, cinematográficos ou televisivos. tirando os programas de humor, com herman josé (nos gloriosos tempos do "tal canal" ou, mais recentemente, "herman enciclopédia"), gato fedorento, "os contemporâneos", "conta-me como foi" ou "contra-informação"; algumas músicas dos gnr, clã e carlos do carmo (sim, carlos do carmo, é verdade. "estrela da tarde" e "no teu poema" são duas fabulosas canções em qualquer parte do mundo), sempre fui preconceituoso em relação a produtos "made in portugal". ainda hoje não esqueci os valentes desgostos que apanhei quando fui ver ao cinema o "non ou a vã glória de mandar" ou o "corte de cabelo". jurei que nunca mais ia ver um filme português ao cinema. e nunca mais fui, é verdade. em termos televisivos, as desilusões têm sido tão grandes que nem vale a pena perder tempo a referir todos os programas que me decepcionaram até hoje. e podem acreditar que foram muitos mesmo. até que me afastei também do produto nacional televisivo. até que surgiu, há um ano, o "conta-me como foi", que me restituiu alguma confiança nos actores, realizadores e produtores portugueses. gostei, e gosto, tanto da série, nomeadamente dos protagonistas miguel guilherme e rita blanco, simplesmente exemplares nos seus papéis, que decidi dar uma segunda oportunidade aos programas "made in portugal". mais uma vez, apanhei valentes desgostos com as verdadeiras "estopadas" que a sic e a tvi decidiram produzir, como o inenarrável "vip manicure" e todos os outros programas que fazem gastar a cassete dos risos gravados, ou o "equador" e as suas discrepâncias linguísticas. até que, na semana passada, a rtp (sempre a rtp!) estreou a série "pai à força". resolvi assistir à estreia, com o chamado "pé atrás", programado inclusivamente para "desancar" a série. aos poucos, apesar de algumas cenas verdadeiramente amadoras, fui perdendo os preconceitos, que me deixaram desarmado a assistir a uma série dominada na perfeição por esse actor chamado pepê rapazote (que eu, aliás, nunca gostei, basta para isso lembrar-me daquela novela pseudo-erótica da sic chamada "jura"). em "pai à força" ele, nota-se bem, vai "beber" algumas particularidades ao dr. gregory house, como o sarcasmo, a total desconsideração pelo próximo e o desprendimento em termos de sentimentos. no primeiro episódio, o cirurgião plástico (rapazote) fica com três crianças à sua guarda, em virtude do falecimento dos pais das mesmas num acidente de viação. reconheço que a forma como se desenrolou este processo não foi das mais brilhantes em termos televisivos, ou seja, notou-se muita falta de "coração" e de compaixão por aquelas crianças, que tinham acabado de perder os pais e estavam, portanto, sozinhas no mundo. mas depois entra no "terreno" pepê rapazote. a sua presença contagia tudo à sua volta, inclusivamente os miúdos, que chegam a ser convincentes quando estão ao lado dele no ecrã. a maneira como ele as "desconsidera", sendo um solteirão inveterado, algo irresponsável e irreverente, cheio de vícios e de mulheres na sua vida, habituado a viver sozinho e a não abdicar de nenhum dos seus luxos e paixões, chega a ser hilariante, provando cabalmente que ele seria a última pessoa do mundo com aptidões para ficar com três crianças orfãos nas mãos. o segundo episódio, que acabou de passar na rtp1, comprovou tudo aquilo de bom que tinha ficado do primeiro. a série é, ao mesmo tempo, comovente, ternurenta (aqui está a lamechice a vir ao de cima), hilariante e, acima de tudo, bem interpretada. quando soube que seria pepê rapazote a interpretar o papel principal de "pai à força" quase coloquei de lado a hipótese de algum dia chegar a ver um episódio da série. a sua interpretação veio comprovar que não posso ser tão preconceituoso em relação aos actores portugueses. é verdade que ele continua com aquele ar de engatatão da novela "jura" e de outras novelas em que já entrou, mas nesta série consegue ser desarmante de tão irresponsável, imaturo e interesseiro que é. a cena em que percorre, no seu telemóvel, uma longa lista de mulheres, tentando convencê-las a ficar com as crianças enquanto ele ia trabalhar, é bem exemplo disso. sinceramente, gostei dos dois primeiros episódios e vou "seguir" a série.

1 comentário:

A happy single mother disse...

Sim, sr! Gostei de o ver dar a mão à palmatória!

Por acaso não conheço a série,mas fiquei curiosa...

E como vê, caro amigo, o que é Nacional pode ser bem bom!(Dito por mim, consumidora doentia de tudo o que é produto branco, tudo made in Portugal e por vezes, melhor que todas as marcas ditas internacionais!!!) :)