cristina caras lindas. fátima lopes. júlio magalhães. josé veiga. vasco uva. gustavo santos. carolina salgado. octávio machado.
caramba, eu até queria ser escritor... mas, pela amostra, quer-me parecer que, se algum dia lá chegar, esse estatuto já estará ao nível de um empregado de limpeza num matadouro. hoje em dia toda a gente lança livros. com as recentes incidências dos jogos olímpicos devem estar já na calha livros de marco fortes, vicente moura, vanessa fernandes, naide gomes e nélson évora. o povo quer ler, esse é um facto, de ano para ano são vendidos mais livros. mas o que é que o povo quer ler? quer ler livros de gente que vê na televisão, seja na política, no futebol, na moda ou, no caso de octávio machado, na agricultura maníaco-depressiva como forma de camuflar recalcamentos desportivos. uma modelo vai ao big brother famosos, lança um livro quando sai. um ex-jogador de futebol vai ao preço certo, lança um livro. uma tipa vai ao estádio da luz com uma tarja a dizer "estou aqui orelhas", lança um livro. um tipo vai ao campeonato de mundo de rugby cantar o hino nacional aos berros e com a lágrima no canto do olho, lança um livro (e o irmão dele ainda saca a carolina patrocínio... portanto, isto dá para a família toda). qualquer dona de casa que queira oferecer um livro à sua filha pelo aniversário, a ter de escolher entre fátima lopes e agustina bessa luís, escolhe a primeira, porque lhe entra em casa todos os dias de manhã. entre nuno eiró e josé eduardo agualusa, está-se mesmo a ver. entre carolina salgado e isabel alçada, escolhe aquela que até já foi recebida pelo papa. fabricam-se escritores de um dia para o outro. é simples. basta "comentar" a vida dos outros todos os dias da semana na televisão, consultando fontes fidedignas como são as revistas cor-de-rosa; basta ter tido uma relação mediática com alguém conhecido (de preferência um jogador de futebol); basta cair nas boas graças de um qualquer lobby, especialmente o gay, onde se arranjam rapidamente bons padrinhos; basta de melgas e mosquitos...
hoje em dia, quando há algo que suscita alguma curiosidade à opinião pública (caso maddie, apitos dourados, crimes violentos, casa pia, saco azul, felgueiras, camarate, a conquista de ceuta...) e há elementos novos para revelar, ou segredos, pistas, tabus, não se desperdiça tudo numa rápida conferência de imprensa, ou em press releases e comunicados. nem pensar. a solução é lançar um livro. com a adequada campanha de marketing, até inspectores da polícia judiciária ineptos passam por escritores.
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