sábado, maio 17, 2008
"once"
se algum dia forem questionados sobre o verdadeiro significado da palavra "amizade", sugiram o visionamento do filme "once". ali, ela surge de forma desinteressada, cresce numa base de reciprocidade de consideração e respeito, de apoio e incentivo, de pequenos actos diários que parecem insignificantes mas que lentamente vão cimentando uma relação, criando laços eternos materializados em forma de música. uma das frases do poster do filme é "how often do you find the right person?". a pessoa certa pode aparecer, é verdade, mas por vezes surge com alguns anos de atraso, quando já estão estabelecidas relações com outras "right persons" que conhecemos anteriormente. ou que em tempos consideramos "right persons"... neste caso, tanto glen hansard como marketa irglova sabem perfeitamente que encontraram a pessoa certa, pela paixão de ambos pela música, pela sua composição, arranjos e letras, e porque, basicamente, gostam de estar um com o outro. isso é evidente ao longo dos 80 minutos de "once". é essa a base e o ponto de partida do filme. por isso é que, no final, quando era suposto ficarmos a saber como se iria desenvolver a carreira musical de glen hansard, depois de ter conseguido alugar um estúdio para gravar as suas canções, o filme... acaba. o fulcro do filme não era esse, esta não é uma história de hollywood sobre um "zé ninguém" que canta na rua no início do filme e que, no final, tem o mundo inteiro aos seus pés. "once" não é um conto de fadas, é um filme credível, simples e cru, sem artifícios, que custou apenas 100 mil dólares, foi gravado em 17 dias em dublin e acabou por render 18 milhões em todo o mundo e vencer o óscar de melhor música original na última edição dos óscares ("falling slowly").
as músicas de "once" são o terceiro protagonista do filme. elas revelam mais carácter, emoção e história do que qualquer diálogo das comédias românticas actuais. ele canta sobre a relação falhada com a ex-namorada; ela canta sobre a ausência do marido, de quem tem uma filha. vão carpindo as suas mágoas enquanto desenvolvem uma relação estritamente platónica, com exactas medidas de doçura e amargura. no final, fica provado que, por vezes, uma música consegue expressar melhor e mais depressa os nossos sentimentos do que qualquer outra forma.
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