"só visto" e "fama show". dois programas idênticos que, em termos televisivos, se aproximam muito do teor das chamadas revistas cor-de-rosa. saliente-se, no entanto, uma grande diferença entre os dois: o "fama show" parece uma mistura entre um desfile de moda e um bordel. ainda assim, o "só visto" consegue ser um pouco mais sóbrio, sobretudo pela entrevista semanal a uma "personalidade", e tem a belíssima marta leite castro a apresentar.
nos programas de hoje, o mesmo denominador comum: tony carreira. é um pouco estranha esta súbita tendência dos nossos canais de televisão de elevar aos píncaros um artista"pimba", que ainda há poucos anos era metido no mesmo saco que emanuel, quim barreiros, toy e afins. agora, parece que descobriram um verdadeiro filão de audiências, tendo merecido inclusivamente honras de entrevista com judite de sousa em horário nobre. o "produto" já era apetecível e apelativo o suficiente para os nossos canais, mas tornou-se ainda mais com o surgimento de mickael carreira, o filho do cantor, uma "ramificação" estéril lançada com o único propósito de aproveitar o "tempo de antena" do pai, que caiu subitamente do céu, e apelar, ao mesmo tempo, a uma faixa etária diferente. é sabido que a franja de admiradores de tony carreira está algures entre a faixa etária que vai dos 40 aos 70 anos; o filho absorve a faixa que vai dos 10 aos 25 anos, aquela que acabou de ouvir o avô cantigas e considera que já está na altura de começar a ouvir música "a sério" (e que, depois de mickael carreira, vai ouvir grupos como tokyo hotel e nickelback). tony carreira passou, de repente, de fenómeno "pimba", somente para a província e emigrantes, para ícone da música ligeira portuguesa, ao jeito de um paulo de carvalho ou fernando tordo, nos anos 70, de marco paulo, nos anos 80, de paulo gonzo, nos anos 90, e andré sardet, na primeira década deste século. e como é que isto aconteceu??? ninguém sabe ao certo. só se sabe que o homem, agora, aparece em todos os programas de televisão, seja de que canal for, e em todas as revistas, mesmo as menos "cor-de-rosa" (como a tv guia). está em todo o lado, é omnipresente, é um supra sumo, um ser superior que merece todo o destaque, principalmente porque teve uma infância difícil, com muitas dificuldades, num meio pobre, e que hoje em dia consegue encher o pavilhão atlântico e o olympia de paris, depois de 25 anos árduos anos de carreira. mas caramba, não será esta a história de 90% dos nossos artistas, sejam eles cantores, actores, pintores, escritores ou escultores? o efeito "carreira", avassalador, pelos vistos, consegue colocar o seu filho mickael, um cantor medíocre mas com um aspecto "limpinho" para as adolescentes, uma tarde inteira como convidado especial do "portugal no coração" ou do "contacto", sem que diga algo mais inteligente do que "2+2 são quatro". não se passa uma semana televisiva neste país sem eles aparecerem na televisão. e, para cúmulo, como se ainda não bastasse já, ainda lhe inventaram, ao filho, um pretenso romance com outro "ídolo" oco (luciana abreu), que garante mais uma dezena de "exclusivos" e capas de revista.
que raio de comunicação social, que tem de se virar para artistas deste calibre para obter resultados, quando temos um rui veloso, um jorge palma, um rui reininho, um fausto, um sérgio godinho, um rodrigo leão, uma manuela azevedo (dos clã), um luís represas (se eu não colocasse nesta lista o luís represas a minha mulher matava-me)... é o nivelamento por baixo, uma redução drástica de padrões culturais, uma rendição nojenta, porque é interesseira, ao "popularucho", ao... "pimba"! daqui a uns anos, se o panorama não se alterar, ainda vão apelidar o emanuel e a ágata de visionários...
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