sexta-feira, janeiro 25, 2008
serpa pinto
tenho tido sonhos recorrentes com uma ou duas pessoas que já não fazem parte do meu círculo de amigos. e não é uma ou duas vezes. são várias. quer isto dizer que o meu cérebro me está a avisar que precisa de um "closure" para encerrar definitivamente este capítulo da minha vida? ou que a minha vida é assim tão desinteressante actualmente que vou ao ponto de incluir nos meus sonhos pessoas com quem não falo há uns valentes anos? devia existir uma forma de programarmos o nosso cérebro, de maneira a escolhermos as pessoas que vão povoar a nossa mente durante o sono. caramba, eu até vejo o "preço certo" todos os dias da semana para ver se a lenka e a cristina me aparecem nos sonhos... e nada! vejo telediscos da kylie minogue, da beyonce, da rihanna e... zero, népia. mais rapidamente me aparece um mário lino ou um jesualdo ferreira. quanto às outras pessoas, aquelas que volta e meia circulam pela minha actividade mental não dirigida, que se manifesta durante o sono, pelo menos nas suas fases menos profundas, e de que se pode conservar, ao acordar, uma certa lembrança, ou seja, o chamado conjunto de ideias e imagens que perpassam no espírito durante o sono, receio que um dia tenha mesmo que as procurar e confrontar, para ver se o meu cérebro me deixa em paz durante a noite e elimino de vez este recalcamento. essas pessoas foram importantes numa determinada fase da minha vida e creio que também cheguei a ser importante para eles. basta referir, por exemplo, que no dia em que nasceu o meu primeiro filho, fui jantar com dois amigos do meu círculo de então, com quem hoje já não me relaciono. e isto são coisas que nunca se esquecem. lembro-me do restaurante, do meu estado de euforia, etc.. lembro-me também que nesse dia estreei com o ricardo, padrinho do meu filho, o meu novo carro, que ainda hoje tenho, um ford fiesta. fui levá-lo a nelas, para apanhar o comboio, porque tinha perdido o autocarro em viseu, com ligação para lá. fizemos uma autêntica perseguição ao autocarro. enfim, esse dia, 27 de março de 1999, está muito bem gravado na minha memória. por motivos vários, que não importa agora dissecar, as nossas vidas, apesar de residirmos na mesma cidade, seguiram caminhos diferentes. ficaram, no entanto, boas recordações de vários momentos bem passados. houve uma altura da minha vida em que eu dizia que não havia amigos, mas sim momentos. e com essas pessoas tive muitos momentos. ser "amigo" é quase um cargo de altíssima responsabilidade, cheio de obrigações e imposições. tem de haver uma reciprocidade de atitudes e uma entrega das duas partes. se houver apenas de uma das partes, a relação de amizade acaba por perder-se, como se perdem as relações amorosas. a partir do momento em que uma das partes entende que se está a esforçar mais do que a outra, dá-se o primeiro passo para o fim. e foi o que aconteceu. perderam-se os "amigos", ficaram os "momentos". só é pena um tipo não poder convidar os "momentos" para irem lá jantar a casa um dia destes...
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