hoje sentei-me na esplanada para tomar o meu habitual café ao fim de almoço. demasiado calor, demasiada gente, demasiados odores (e não há nada pior do que o cheiro a suor das outras pessoas. com o meu posso eu bem, até podia ser comercializado em frascos). não havendo interlocutor, ou interlocutora, dediquei-me a observar as pessoas que passavam e as outras mesas da esplanada. reparei num jovem casal, ela com uma revista, ele com um jornal, que lia relaxadamente, sem pressas, sem distrações. ocasionalmente, faziam comentários sobre o que estavam a ler, riam um pouco, voltavam a ler, trocavam novamente opiniões e regressavam à leitura. estavam no mundo deles, sem interferências, sem preocupações, sem horários a cumprir, sem pressas.
simples, tão simples, não é? parece algo acessível a toda a gente. no entanto, senti inveja. como parte integrante de um casal, há anos que não disfruto de algo semelhante, daquela morosidade que o calor oferece, que nos faz vegetar pelas esplanadas, bebendo ginger ale's com limão e devorando gelados. aproveitar para ler, comentar, sossegadamente, sem constantes interrupções. inveja, sim, é a palavra certa...
minutos mais tarde, chegou um outro casal, de idade bem mais avançada. sentaram-se, pediram os seus cafés e começaram a dividir a leitura. ela com a revista e ele com o jornal. leram em sossego, calmamente...
quando me levantei, questionei-me se não teria feito uma viagem pelo tempo, entre o meu passado e o meu futuro.
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