quarta-feira, abril 11, 2007

o marco!

estudamos juntos durante dois anos, no 10º e 11º ano, na escola secundária alves martins. decorriam os anos lectivos de 90/91 e 91/92. na altura ele já tinha uma personalidade bem vincada. sempre a ouvir beatles, the doors, barclay james harvest, earth wind & fire, música de décadas passadas, porque tudo o que era actual ele não gostava. os seus cabelos compridos e o seu caminhar característico eram a sua imagem de marca. lembro-me bem dos seus "devaneios" psicológicos, das mudanças de humor, ora sério e introspectivo, ora brincalhão e estridente. conheci-o melhor no 11º ano, quando morávamos muito perto um do outro. fizémos várias directas a estudar, intercalando o estudo com jogos de match day 2 no spectrum dele, que mais tarde lhe comprei por cinco contos. era uma companhia agradável, sempre no seu mundo alternativo, onde ainda existiam os beatles, o john lennon não tinha morrido e os doors eram sempre o grupo do momento. sempre sincero, nunca hipócrita; sempre disponível para embarcar em uma nova aventura (chegamos a acampar, imaginem, em... viseu!!, no parque de campismo do fontelo. e foi realmente uma aventura!).
quando ambos terminamos o liceu, ele desapareceu... nunca mais ninguém soube dele. em esporádicos encontros com o resto dos meus colegas de liceu, o seu nome era sempre ventilado e a conclusão era sempre a mesma: ninguém fazia a mínima ideia para onde ele tinha ido. chegamos a visitar algumas vezes a terra natal dele, trancoso, para tentar saber do seu paradeiro, mas essas tentativas foram sempre infrutíferas.
ontem, terça-feira, fui almoçar com o meu colega de trabalho, também meu antigo companheiro de turma nesses mesmos anos lectivos. muitas vezes, em conversa, recordamos esses anos de liceu e, inevitavelmente, o nome desse nosso grande amigo de então vem à baila. de entre muitos outros nomes que então faziam parte do nosso quotidiano, o nome dele pontificava sempre ao recordar situações, momentos, etc.. de tanto falar nele, quase que acabamos por assumir interiormente que nunca mais o veríamos o marco. pois bem, ontem, como estava a dizer, fomos almoçar e, no final, quando nos preparávamos para regressar ao trabalho, demos de cara com... o marco. era ele! nem queríamos acreditar... quase 15 anos depois, o marco aparece-nos assim, desta forma, à frente! sem um contacto prévio, sem combinações. e caramba, como soube bem revê-lo. continua magro, usa óculos agora, o cabelo já não é comprido, já tem umas entradas e... está mais velho, como é natural. recordamos aqueles anos de liceu, os colegas de turma, os professores, as viagens de estudo. pareceu mais calmo, mais ponderado, mas continua a ser o marco que a gente conheceu na alves martins: nada materialista, algo deslocado socialmente, sem vaidades estéticas, sem pretensiosismos, sem hipocrisias. talvez tenha sido a pessoa que mais me custou "perder" durante todo este tempo.
actualmente, o marco ainda estuda, é bolseiro universitário. já esteve no brasil, na suécia, na suiça, estudou um ano e meio em paris, já viveu imensas aventuras "à marco". ainda não casou e não tem filhos. curiosamente, durante a nossa conversa, cheguei à conclusão de que era isto mesmo que imaginaria que o marco estivesse a fazer nesta altura. nunca o imaginei casado, nem com dois ou três filhos. ele sempre foi assim, despreocupado, nunca quis ter grandes responsabilidades, preferindo absorver tudo a que tem direito desta vida.
vamos ver se não ficarei mais 15 anos sem o ver. com o marco, o factor da imprevisibilidade está sempre patente. mas espero voltar a vê-lo, certamente!

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