quarta-feira, outubro 04, 2006

as praxes académicas

"Ex-caloira pede 70 mil € de indemnização ao Instituto Piaget
- Uma ex-caloira do Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros que se queixou de abusos nas praxes em 2002 pede uma indemnização de quase 70 mil euros ao estabelecimento de ensino, anunciou a aluna. Em declarações à Lusa, Ana Sofia Damião disse sentir-se "lesada" pela forma como a direcção do Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros conduziu o caso e quer ser ressarcida por alegados "danos morais e patrimoniais". A ex-aluna do Piaget, que se encontra a concluir um curso de Farmácia noutra instituição, decidiu avançar com um pedido de indemnização no valor de quase 70 mil euros num processo cível que começa a ser julgado amanhã no Tribunal de Macedo de Cavaleiros. Esta é a segunda vez que Ana Sofia Damião recorre à justiça, depois de o mesmo tribunal ter decidido, em Novembro de 2004, não levar a julgamento um processo-crime por entender "não haver matéria para levar adiante as acusações" aos dez alunos investigados. A antiga caloira acusou colegas dos segundo e terceiro anos do curso de Fisioterapia de, durante a recepção ao caloiro em Outubro de 2002, a terem obrigado a praticar "actos humilhantes" como a "simulação de actos sexuais e nudez em público". O caso motivou a intervenção da Inspecção-Geral de Educação, que enviou um relatório à Procuradoria-Geral da República, e um processo interno de averiguações no Piaget, que culminou em repreensões escritas aos alunos identificados. A própria caloira foi também repreendida pela exposição pública que fez dos factos. A repreensão de que foi alvo é uma das razões que Ana Sofia Damião alega para avançar com o pedido de indemnização, por entender que "a escola não teve uma postura correcta, o que criou um ambiente hostil na escola e fez com que tivesse desistido do curso". Na sequência deste caso, o Instituto Jean Piaget abriu um debate nacional sobre a problemática das praxes, que levou à elaboração de uma carta de princípios reguladores destes rituais académicos nos seus estabelecimentos de ensino superior".
- notícia de 4 de outubro 2006.

vergonhoso! as praxes são meros pretextos para que pessoas com mentalidade perversa e tortuosa, devidamente autorizados pela sociedade e pelas instâncias universitárias, que "fecham os olhos" a tudo em nome do espírito académico, perpetuem e instiguem actos vergonhosos, censuráveis e condenatórios. humilhar alguém em praça pública é algo que deve dar algum gozo a esse género de pessoas, sobretudo quando no ano passado foram eles os humilhados. é um ciclo vicioso: quem foi humilhado, humilha nos anos seguintes. pura parvoíce, idiotice e, acima de tudo, reveladora do espírito infantil, irresponsável e depravado de muitos desses estudantes. podem dizer que é tradição, que é o espírito académico... para mim, tudo isto leva a excessos, as praxes resultam em casos como o relatado neste post, as latadas e os desfiles académicos não passam de centenas de jovens com latas de cerveja na mão, a caírem de bêbedos, a conspurcar tudo o que encontram pela frente, as semanas académicas idem...
andamos a criar os nossos filhos para depois os vermos a fazer estas figuras, com o beneplácito das escolas e das universidades?
felizmente, o último parágrafo da notícia transcrita em cima leva-nos a ter alguma esperança. acho bem que regularizem estes actos. afinal, a época medieval já lá vai...

9 comentários:

  1. também li essa notícia hoje no jornal. Mas o que mais me impressiona não são as praxes (estudei em Coimbra, fui praxada e praxei e não passei por/ presenciei nada disto), é o facto de a aluna querer 70 mil euros de indemnização!
    Caso ela não soubesse, podia ter-se declarado anti-praxe e tinham-na deixado em paz (pelo menos é o que acontece em Coimbra).
    Esta história faz-me lembrar os EUA onde toda a gente processa toda a gente à mínima coisa...
    Na minha opinião é um exagero.

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  2. Concordo plenamente com a tulipa negra e discordo por completo da tua opinião. 70 mil euros devem servir para esquecer memórias que a tal aluna afirma serem dolorosas. Engraçado...
    A praxe tem como principal objectivo integrar os novos alunos na comunidade académica. É uma forma de conhecermos os nossos colegas quando tudo é novo e estranho. Não é um acto de humilhação. Longe disso. Se alguém discorda dela ou se alguns alunos mais velhos abusam e a usam de forma no mínimo imprópria, esse aluno só tem que se declarar anti-praxe e afastar-se. Ninguém é obrigado a nada! Eu acho isto ridículo.
    Faz-me lembrar um caso que houve na Agrária de Santarém em que a caloira se sentiu muito humilhada por lhe terem estragado as roupas e não a terem deixado falar ao telemóvel...
    Honestamente...

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  3. 70 mil euros devem servir para que o referido instituto assuma a regulamentação das actividades de praxe e que levem outras instituições a fazer o mesmo!

    Ninguém tem o direito de obrigar outra a pessoa a fazer o que não quer e o facto de se assumir anti-praxe não resolve o problema. Até porque é o mesmo que colocar um carimbo na testa.

    Aos judeus punham uma estrelinha amarela!

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  4. anonymous,
    a estrelinha não era amarela... era azul

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  5. Desculpa meter-me assim, mas não podia deixar de dar a minha opinião.

    discordo com o que escreveste. A praxe é algo que pretende ser divertido. Ninguém é obrigado a nada
    Eu fui caloira o ano passado, e devo dizer que foi dos melhores anos (como estudante) de sempre.
    Acho que os caloiros têm é cada vez mais mania e não sabem levar as coisas na brincadeira.

    Sim há gente que não sabe praxar, mas também há cada vez mais gente que não sabe ser praxada. Eles podem ser arrogantes, brutos, e sei lá mais o quê, mas a meio do semestre se o caloiro precisar de apontamentos vai pedir ao mestre...

    Olhas para os estudantes que gostam de farra como um grupo de bebedos irresponsáveis... Estás a criar esteriótipos, e para isso não vale a pena.

    Se estás preocupado em relação aos teus filhos, em vez de os mandares para a universidade talvez seja melhor fechá-los em casa a verem os morangos com açucar...

    Apesar da minha opinião contra, gostei do teu sentido critico :)

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  6. nao ha nada melhor do que uma integração numa faculdade criando logo ao principio dois grupos, os que são a favor da praxe e os que são contra. axim sim vale a pena integrar...sinceramente!!!

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  7. ninguém leva nenhum carimbo e isso dos grupos é uma questão engraçada. demos um exemplo académico, então:

    jantares de curso. na mesa só vês vinho. mas tu não bebes bebidas alcoólicas... simples!!!! pedes ao empregado uma garrafa de água! tão simples quanto isso. ninguém te obriga a beber!...

    o mesmo acontece com a praxe!

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  8. Convido a ler e comentar o seguinte artigo (e outros relacionados) em:

    http://notasemelodias.blogspot.com/2008/09/notas-sobre-praxes-e-praxe.html

    Com os melhores cumprimentos.

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