segunda-feira, fevereiro 25, 2013
óscares 2013 - os vencedores
Melhor Realizador
Ang Lee - «A Vida de Pi»
Melhor Filme
«Argo»
Melhor Atriz Secundária
Anne Hathaway - «Os Miseráveis»
Melhor Atriz Principal
Jennifer Lawrence - «Silver Linings Playbook»
Melhor Ator Principal
Daniel Day-Lewis - «Lincoln»
Melhor ator secundário
Cristoph Waltz, «Django Libertado»
Melhor argumento adaptado:
"Argo"
Melhor argumento original:
"Django Libertado"
Melhor filme estrangeiro (de língua não inglesa):
"Amor" (Áustria)
Melhor filme de animação:
"Brave"
Melhor documentário:
"Searching for sugar man"
Melhor documentário em curta-metragem:
"Inocente"
Melhor curta-metragem:
"Curfew"
Melhor curta-metragem de animação:
"Paperman"
Melhor produção artística:
"Lincoln"
Melhor fotografia:
"A vida de Pi"
Melhor montagem:
"Argo"
Melhor caracterização:
"Os miseráveis"
Melhor guarda-roupa:
"Anna Karenina"
Melhor Banda-sonora original
«Life of Pi» (Mychael Danna)
Melhor Canção original
"Skyfall", de "007 - Operação Skyfall" - Adele (música e letra)
Melhor montagem de som:
"Skyfall"
"00:30 Hora Negra"
Melhor mistura de som:
"Os miseráveis"
Melhores efeitos visuais:
"A vida de Pi"
quarta-feira, fevereiro 20, 2013
a tenebrosa lista de compras
há uma qualquer força cósmica que faz com que eu, sempre que vou sozinho às
compras lá para casa, cometa sempre algum erro de palmatória. até em coisas
simples, como ir buscar uns raminhos de salsa ao mini-mercado, em que eu, em vez
de tirar os ramos por inteiro de um molho atado, parti-os ao meio e trouxe só a
parte de cima dos ramos da salsa. quando a minha mulher me pede para ir comprar
alguma coisa, porque lhe é de todo impossível ir (só mesmo assim), todo eu tremo
de medo, porque já sei que algo vai correr mal. ou trago pacotes de leite mais
caros do que o habitual (nem que a diferença seja de cinco cêntimos ela repara
sempre), ou em vez de escolher fiambre da pá trago da perna (raios me partam se
algum dia vou conseguir distinguir estas variedades), ou escolho dois frangos
crus que estão mal depenados (mas alguém se preocupa com isto quando está a
escolher dois frangos crus? se estão dentro de um saco é porque estão bons para
vender...). o pior mesmo é quando tenho como "missão" comprar fruta. é
completamente impossível eu acertar em alguma coisa neste departamento. se
compro bananas, estão muito verdes. se escolho tangerinas ou laranjas, não
prestam porque são muito ácidas e sempre que alguém mete um gomo à boca faz mais
caretas que o jim carrey. maçãs, peras, kiwis, ameixas, diospiros, tudo sempre
verde ou, por incrível que pareça, maduro demais.
as mulheres, quando vão às compras, têm um comportamento diferente. enquanto nós procuramos demorar o menor tempo possível, geralmente agarramos no primeiro produto que encontramos, as mulheres, não querendo generalizar, sabem que mesmo uma lista de meia dúzia de items exige pelo menos uma hora, porque têm que analisar e comparar tudo: ingredientes, preço, a relação quantidade/qualidade, as calorias, o dia em que o produto foi embalado, quando acaba a validade do mesmo, onde foi produzido, qual era o nome de cada uma das vacas que deram o leite, apalpam a fruta toda para ver se está madura ou verde (ficam meia hora a apalpar fruta. eu vi e posso comprovar tudo isto), provam as uvas, provam as azeitonas, só não provam o camarão porque os senhores não deixam, dão-se ao cuidado de ver, quando escolhem frango cru, se ele está bem depenado ou não, perguntam sempre na charcutaria qual é o fiambre mais fresco e sabem exactamente a diferença entre o da pá e o da perna. mas o pior mesmo é a secção da roupa, que é sempre percorrida de uma forma minuciosa, ao detalhe, até ao último cinto ou par de meias nos expositores. então a facilidade com que elas se descalçam e experimentam umas sandálias ou sapatos é assustadora. nem quero pensar na quantidade de pessoas que já tinha metido ali os pés naqueles mesmos sapatos. é assustador. aliás, quando vou com a minha mulher, o que felizmente hoje em dia é muito raro (já vão perceber porquê no próximo parágrafo), àquela secção, sinto que sou a única pessoa calçada no meio de uma dúzia de mulheres descalças dispostas a experimentar tudo o que houver para experimentar em matéria de calçado. sinto sempre que não há espelhos suficientes para aquela gente toda. elas até fazem fila para se verem ao espelho. o mais engraçado, e é nisto que a minha mulher é especial neste aspecto, é que ela experimenta, gosta, pede-me opinião, eu aprovo (faço tudo para sair dali o mais rapidamente possível), ela descalça-se, volta a calçar os sapatos que trazia, arruma o calçado que experimentou, gostou e que tinha recebido a minha aprovação e quando eu lhe pergunto por que não os leva (depois de termos perdido largos minutos com aquilo tudo), ela responde, simplesmente, "não, deixa estar", ou então "não levo porque daqui a uns meses começam os saldos e compro-os por metade do preço". pronto, lá reviro eu os olhos mais uma vez, sempre com a sensação de que nunca mais na vida vou conseguir recuperar aqueles 45 minutos.
antigamente, ir às compras com a minha mulher era uma aventura, perdia a conta aos suspiros e à quantidade de revirar de olhos. hoje, sempre que vamos os quatro às compras, felizmente, e realço o felizmente, fico com a minha filha na secção dos livros ou com o meu filho na secção dos jogos de playstation e deixo-a ir à vontade apalpar fruta durante meia hora. é muito mais reconfortante. primeiro porque tenho total confiança na capacidade de apreciação e no juízo de valor da minha mulher na escolha dos produtos, por todas as razões acima discriminadas; e depois porque, assim, já não vou cometer nenhum erro nas compras. por falar nisso, este texto surgiu porque a minha mulher me telefonou, pedindo-me para passar pelo continente e comprar dois frangos crus. pelo sim, pelo não, vou levar a minha lupa, para ver se os galináceos estão efectivamente bem depenados. não quero arriscar desta vez.
as mulheres, quando vão às compras, têm um comportamento diferente. enquanto nós procuramos demorar o menor tempo possível, geralmente agarramos no primeiro produto que encontramos, as mulheres, não querendo generalizar, sabem que mesmo uma lista de meia dúzia de items exige pelo menos uma hora, porque têm que analisar e comparar tudo: ingredientes, preço, a relação quantidade/qualidade, as calorias, o dia em que o produto foi embalado, quando acaba a validade do mesmo, onde foi produzido, qual era o nome de cada uma das vacas que deram o leite, apalpam a fruta toda para ver se está madura ou verde (ficam meia hora a apalpar fruta. eu vi e posso comprovar tudo isto), provam as uvas, provam as azeitonas, só não provam o camarão porque os senhores não deixam, dão-se ao cuidado de ver, quando escolhem frango cru, se ele está bem depenado ou não, perguntam sempre na charcutaria qual é o fiambre mais fresco e sabem exactamente a diferença entre o da pá e o da perna. mas o pior mesmo é a secção da roupa, que é sempre percorrida de uma forma minuciosa, ao detalhe, até ao último cinto ou par de meias nos expositores. então a facilidade com que elas se descalçam e experimentam umas sandálias ou sapatos é assustadora. nem quero pensar na quantidade de pessoas que já tinha metido ali os pés naqueles mesmos sapatos. é assustador. aliás, quando vou com a minha mulher, o que felizmente hoje em dia é muito raro (já vão perceber porquê no próximo parágrafo), àquela secção, sinto que sou a única pessoa calçada no meio de uma dúzia de mulheres descalças dispostas a experimentar tudo o que houver para experimentar em matéria de calçado. sinto sempre que não há espelhos suficientes para aquela gente toda. elas até fazem fila para se verem ao espelho. o mais engraçado, e é nisto que a minha mulher é especial neste aspecto, é que ela experimenta, gosta, pede-me opinião, eu aprovo (faço tudo para sair dali o mais rapidamente possível), ela descalça-se, volta a calçar os sapatos que trazia, arruma o calçado que experimentou, gostou e que tinha recebido a minha aprovação e quando eu lhe pergunto por que não os leva (depois de termos perdido largos minutos com aquilo tudo), ela responde, simplesmente, "não, deixa estar", ou então "não levo porque daqui a uns meses começam os saldos e compro-os por metade do preço". pronto, lá reviro eu os olhos mais uma vez, sempre com a sensação de que nunca mais na vida vou conseguir recuperar aqueles 45 minutos.
antigamente, ir às compras com a minha mulher era uma aventura, perdia a conta aos suspiros e à quantidade de revirar de olhos. hoje, sempre que vamos os quatro às compras, felizmente, e realço o felizmente, fico com a minha filha na secção dos livros ou com o meu filho na secção dos jogos de playstation e deixo-a ir à vontade apalpar fruta durante meia hora. é muito mais reconfortante. primeiro porque tenho total confiança na capacidade de apreciação e no juízo de valor da minha mulher na escolha dos produtos, por todas as razões acima discriminadas; e depois porque, assim, já não vou cometer nenhum erro nas compras. por falar nisso, este texto surgiu porque a minha mulher me telefonou, pedindo-me para passar pelo continente e comprar dois frangos crus. pelo sim, pelo não, vou levar a minha lupa, para ver se os galináceos estão efectivamente bem depenados. não quero arriscar desta vez.
terça-feira, fevereiro 19, 2013
procura-se manual de instruções
quando for grande quero ser... ainda não sei. continuo à espera de alguma conclusão. enquanto tal não acontece, vou evitando que choquem comigo, que metam conversa ou que reparem que eu estou na mesma sala, na mesma rua, na mesma cidade ou no mesmo país. sou um produto inacabado, incompleto e com um enorme vácuo, que alguém se esqueceu de preencher com as instruções de manuseamento. longe de mim a veleidade de imaginar que são todas as outras pessoas que estão a ir em contramão e que só eu sigo correctamente na auto-estrada da vida. (esta da "auto-estrada da vida" até parece profunda à primeira vista, ou mesmo à vista desarmada, mas olhem que não, se calhar até já o toy ou o emanuel a usaram numa música qualquer). desta forma, resigno-me a viver cada dia como se fosse o primeiro dia de aulas numa escola nova, com o desconforto inerente a um ambiente desconhecido, mas com pessoas com quem terei, forçosamente, de conviver. apesar de tudo, uma consolação me resta: eu sei, antecipadamente, que vou falhar estrondosamente nessa missão. dessa maneira, a desilusão, no final do dia, não é tão grande.
a melhor comédia de sempre
"life of brian" estreou em agosto de 1979, descrito na altura como "a motion picture destined to offend nearly two thirds of the civilized world. and severely annoy the other third". são às dezenas as cenas memoráveis e hilariantes neste filme, como a célebre "biggus dickus e a incontinentia buttocks", a people's front of judea ("splitter"), o stan que quer ser loretta e ter o direito de ter filhos, embora não tenha útero ("where's the fetus going to gestate? you going to keep it in a box?"), o centurião que corrige gramaticamente o latim de brian ("now write it a hundred times!"), um outro centurião que pergunta educadamente a cada um dos condenados em fila "crucifixion? good!", a reunião do people's front of judea em que se questiona o mérito dos romanos ("all right, but apart from the sanitation, medicine, education, wine, public order, irrigation, roads, the fresh water system and public health, what have the Romans ever done for us?"), o eremita que estava sem falar há 18 anos, a "judean people's front crack suicide squad" que aparece no final do filme para "salvar" o brian da crucificação, jesus cristo a oferecer-se para ajudar um condenado a arrastar a sua cruz, o "release brian", a multidão que segue brian por julgar que ele é o novo messias, simplesmente porque não acabou um "discurso" ("i say you are lord, and i should know. i've followed a few"), o discurso de jesus cristo ("blessed are the cheesemakers"), os reis magos que se enganaram na manjedoura, o plano para raptar a mulher de pilatos, a conversa entre a mãe de brian e a multidão que o seguiu até casa ("are you a virgin?")... e esta, a famosa cena do apedrejamento, em que a multidão é inteiramente composta por mulheres, apesar de lhes ser probida a entrada nestes eventos (daí a venda de barbas falsas à entrada)...
muitas cenas hilariantes num filme, a todos os títulos, notável.
os meus anos 80
nos anos 80, quando ouvia duran duran de manhã à noite, era um tipo
despreocupado, sem responsabilidades para além de passar de ano e não chumbar
por faltas. quando ouço o "save a prayer" vem-me tudo à cabeça: o zx spectrum,
as muitas horas a jogar o chuckie egg e o match day, o meu walkman preto com
equalizador, onde ouvia música a toda a hora (lembro-me bem que rod stewart e os
europe foram as primeiras cassetes que lá ouvi), os discos de vinil que mandava
vir pelo círculo de leitores, os cadernos escolares todos rabiscados com nomes
de grupos, as revistas bravo que me confiscavam no liceu, com o consequente
aviso aos meus pais de que andava a ver revistas pornográficas (isto é mesmo
verdade!), as horas que faltava às aulas para ir jogar snooker (e mais tarde o
tetris), as minhas primeiras desilusões amorosas, a gritante falta de jeito para
iniciar qualquer conversa minimamente coerente ou eloquente com uma rapariga, a
minha "fabulosa" colecção de posters (que saíam na bravo e na pop rocky, as tais
"revistas pornográficas" segundo os botas de elástico dos meus professores),
onde imperava a minha "deusa" naquela altura, onde alicercei muitos dos meus
ideais de beleza feminina: a nena (a dos "99 red balloons"), os primeiros
bailes, onde pude efectivamente constatar, no terreno, a minha total
incapacidade para "meter" conversa com uma pessoa do sexo oposto... enfim,
muitas memórias, sempre com a componente musical a acompanhar cada uma delas.
lembro-me perfeitamente da minha primeira namorada, tinha eu 14 anos (e ela
tinha 19...), a ana, do seu estranho hábito de escrever mensagens de amor em
todos os espelhos de minha casa (que depois tinha de limpar para os meus pais
não verem), de ter faltado uma tarde inteira às aulas para ir fazer um
piquenique com ela, em que levei o meu gravador (lá está a componente musical)
com cassetes do (e agora, por favor, não vomitem) bon jovi (conseguiram
aguentar?), a-ha e duran duran. ainda hoje a música "never say goodbye", dos bon
jovi, me transporta imediatamente para esse dia, naquele que foi um dos meus
primeiros grandes actos de insubordinação e rebeldia. o que é que vocês queriam?
tinha uma namorada cinco anos mais velha do que eu e não ia fazer tudo o que ela
me pedisse? sobretudo tendo em conta aquela minha já referida falta de
iniciativa (ou jeito) para lidar com o sexo oposto. escusado será dizer, nesta
altura, que foi ela que deu o primeiro passo, isso é fácil de concluir.
começamos a namorar no dia 1 de abril de 1987. parece mentira, mas é verdade.
foram 4 meses fantásticos, apesar de ter chumbado nesse ano. e disse 4 meses
fantásticos porque ela, no final de julho, foi ter com a mãe à suiça (não, a
minha primeira namorada não foi a martina hingis. a mãe dela não é suiça, é
portuguesa, mas emigrante). nesse dia, em que ela foi embora, fechei-me no meu
quarto a ouvir o disco dos cutting crew. a música "i've been in love before" é
como uma cicatriz desse dia. nesse disco, "broadcast", também há duas músicas
que ainda hoje recordo com nostalgia, "sahara" e "the broadcast", que ficarão
para sempre ligadas a esta fase da minha vida. o primeiro amor nunca se esquece,
é bem verdade, mas quando nos aparece aos 14 anos, sem aviso prévio e com tantos
jogos interessantes para jogar no zx spectrum, um tipo fica com as prioridades
irremediavelmente alteradas.
este passeio nostálgico vai ter que ficar por aqui porque me "bateu" uma enorme vontade de jogar snooker, de beber uma green sands e de comer um zainy crispy, o melhor chocolate que alguma vez existiu.
ah, belos anos 80!
este passeio nostálgico vai ter que ficar por aqui porque me "bateu" uma enorme vontade de jogar snooker, de beber uma green sands e de comer um zainy crispy, o melhor chocolate que alguma vez existiu.
ah, belos anos 80!
domingo, fevereiro 10, 2013
carnavalenada
não há altura do ano em que sinta mais vergonha de ser português do que no carnaval. é constragedor ver todos os anos as mesmas imagens, os mesmos bombos da festa (políticos, dirigentes desportivos), as mesmas vestimentas, tudo isto embrulhado num cenário kitsch, a roçar o teatro de revista, emoldurado pelo mesmo factor de sempre: o frio. sim, porque o carnaval nacional é no inverno mas o povinho insiste em descascar-se todo como se estivesse no brasil, no pico do verão. é penoso ver centenas de mulheres a tentar sambar como as brasileiras (o que geralmente nunca conseguem), enquanto rapam um frio do camandro, apanham chuva, etc.. e ainda há outro pormenor que sempre me intrigou: no carnaval português, e apesar do frio, as mulheres têm tendência, natural, para vestirem pouca roupa, destapando deliberadamente o corpo de maneira a ficarem mais sexy's, mais vistosas, mais apelativas a quem as observa durante o corso carnavalesco. e o que fazem os homens portugueses durante o carnaval? vestem-se de mulher... está tudo dito!