sexta-feira, novembro 30, 2007

quinta-feira, novembro 29, 2007

prendas de natal

preparo-me para passar uma tarde verdadeiramente terrível: a gastar dinheiro. aproxima-se o natal, as listas de prendas aumentam de dia para dia. tenho a impressão de que se guardasse as compras de natal para uma altura muito mais próxima do dia 25 de dezembro a lista de prendas seria ainda maior. todos os anos, em meados de novembro, é proferida a seguinte frase em minha casa: "este ano não vão haver prendas para ninguém, isto está muito mal". a seguir a esta frase vem quase sempre esta outra: "bem, pronto, pelo menos para as crianças tem que haver". ou seja, começamos a ceder imediatamente. depois das crianças, que são muitas, vem sempre a família mais chegada: os pais, os irmãos, os cunhados. portanto, das zero prendas iniciais já estamos, por esta altura, em cerca de 20. depois, os colegas de trabalho. "se eles me oferecerem alguma coisa, vou-me sentir mal se não lhes der também uma prenda". e a lista aumenta. depois, são os filhos dos colegas de trabalho. "é só uma prendita, a marcineide (nome fictício) também deu uma prenda ao nosso fagundes (outro nome fictício)". muito bem, aceita-se e compreende-se. só que a lista já vai em trinta e tal nomes. e será essa a minha missão para hoje à tarde. tentar encontrar prendas baratinhas, mas não muito reles, para esta gente toda (excepto as crianças, porque essas merecem prendas de outro quilate. enfim, merecem tudo!). se levar em linha de conta os comentários da minha filha quando passam anúncios de brinquedos na televisão, terei que lhe comprar 238 prendas, porque ela diz, quase sempre, "quero este", "quero uma destas", "quero este carro"... já o meu filho é mais selectivo, mas selectivo do género "upa, upa", brinquedos carotes e tal. mas o natal é deles e para eles, por isso, temos que perder o amor ao subsídio de natal e alinhar no espírito natalício, que cada vez mais se distingue pelo seu desenfreado cariz comercial. mas não me vou esquecer de dizer isto, hoje à tarde, à minha mulher: "olha, ainda bem que este ano não ia haver prendas para ninguém..."

quarta-feira, novembro 28, 2007

para mim, acabou!

estou farto de ver o meu clube jogar mal. estou farto de ouvir as mesmas desculpas no final dos jogos. estou farto de ver o liedson a ser mal servido no ataque. estou farto de ver jogadores como purovic, ronny, farnerud, pereirinha e yannick a jogarem habitualmente. estou farto de ver o joão moutinho perdido no terreno, sem posição definida, a correr que nem um doido para... nada. estou farto de assistir todos os anos a meia dúzia de contratações furadas. estou farto de esperar que contratem, um dia, um jogador de jeito para jogar ao lado de liedson, um outro jogador para ser o verdadeiro nº 10, que o sporting não tem desde balakov, e um guarda-redes em condições.
mas, acima de tudo, estou farto, fartinho mesmo, de paulo bento. acabou-se o "estado de graça" em virtude da taça de portugal e da supertaça. a equipa não rende, não joga, não produz futebol de qualidade. isso é mais do que evidente. ontem bastou o manchester acelerar um bocadinho o jogo para o sporting "desaparecer". e depois ficaram todos contentes com a transição para a taça uefa. pudera, com o dinamo de kiev a perder cinco jogos seguidos e a levar, em média, 4 golos por jogo...
estamos a 10 pontos do fc porto. o benfica está a 6. ainda não tocou o alarme em alvalade? empate em matosinhos, goleada em braga, apenas uma vitória fora no campeonato em seis jogos. não chega?
e outra coisa que me intriga solenemente. por que é que paulo bento, que foi tão rápido a lançar nani, miguel veloso e yannick, não lança de vez o jovem adrien, que tão boa conta de si deu na pré-época? sobretudo quando "encostou" de vez paredes e tem alternativas sofríveis para o meio campo como farnerud e pereirinha. e marian had é assim tão mau, em comparação com ronny (que é horrível), para apenas ter jogado a titular duas vezes? ontem esteve bem. ao contrário de rui patrício, que nos fez perder dois pontos em matosinhos e nos custou a derrota ontem. é assim mesmo, paulo bento. lança-se um "puto" às feras, com tiago e stojkovic operacionais, e não se lança adrien. enfim...
mais uma vez, e para reforçar a ideia deste post: estou farto de paulo bento. que venha outro, desde que não seja o fernando santos...

segunda-feira, novembro 26, 2007

i gaer - sigur ros



esta música é intensa, dramática, pungente, épica, triste, poderosa. parece que encerra em si toda a tristeza do mundo, toda a angústia e a dor de quem sofre, de quem perdeu alguém, de quem ama e não é amado, de quem sente a falta de uma pessoa. no disco anterior, "takk", o tema "svo hljott" flutuou pela minha mente largos meses, ainda hoje continuo a arrepiar-me quando a ouço. no novo disco, os sigur ros "tricotaram" esta sinfonia angelical chamada "i gaer".

quarta-feira, novembro 21, 2007

inadaptado

não deve haver nada mais difícil do que conseguir sair de uma conversa chata, especialmente se nessa conversa só houver dois interlocutores, e, pior ainda, se esses dois interlocutores se conhecerem mal. ainda há pouco tempo fui a casa de um casal, ela trabalha com a minha mulher, ele completamente desconhecido, que nos mostrou embevecidamente a sua casa nova, não poupando nos detalhes de cada parede, de cada peça de mobiliário, dos azulejos da casa de banho, etc. foi um frete desgraçado ouvir aquilo tudo, mais os apartes sobre o incompetente do empreiteiro, a banheira de hidromassagem que ele mandou desmontar e montar novamente umas três vezes por não estar plenamente satisfeito, as portas dos armários que teve que ser ele a colocar, "porque ninguém conseguia atinar com o que eu queria", enfim, uma descrição pormenorizada de tudo o que foi feito naqueles 60 m2 de área coberta. e no exterior foi outra aventura: o quintal, a garagem, a churrasqueira… o mais engraçado é que ele falava comigo como se eu entendesse perfeitamente tudo o que ele estava a dizer. era o contraplacado, o estuque, a barra de inox, todos os utensílios que utilizou para montar a garrafeira (típico: todas as casas têm que ter uma garrafeira, e um bar, com balcão, claro… falta de imaginação, cum catano!).
eu, como forma de esconder a minha total ignorância sobre o assunto, limitava-me a repetir as suas últimas palavras, transformando-as em pergunta, e, claro, tentava mostrar-me entusiasmado e interessado na conversa.
mais tarde, já em casa, não pude deixar de pensar que não me importaria de ser um pouco assim, como o tal tipo que me mostrou, orgulhoso, o seu trabalho, a sua obra. fico sempre com a sensação, cada vez que conheço alguém, que não consigo criar ligação nenhuma, que não tenho assunto para essa pessoa, nem ela para mim. sempre tive este estigma. e como não consigo "fingir" um outro eu, para melhor me moldar a esses momentos constrangedores em que se chega à conclusão de que não há mais assunto, limito-me a estar quietinho no meu canto, em que por vezes quase sinto as letras em néon a piscar em cima da minha cabeça, a dizerem "inadaptado".
o tema futebol costuma ser a minha salvação, mas desta vez nem a isso pude recorrer. o homem queria que eu me envolvesse mais no seu entusiasmo, "discutisse" com ele a melhor ferramenta a utilizar, o melhor berbequim, que, no fundo, valorizasse mais o seu trabalho. não consegui, não possuo de todo conhecimentos para isso, infelizmente. se os tivesse, poderia estar a encetar agora uma nova relação de amizade, alicerçada em gostos comuns; ao invés, o homem, se passar amanhã por mim na rua, até vai evitar falar comigo, porque não vai ter assunto e sabe perfeitamente que eu também não vou ter assunto para ele. e assim ficamos. um dia destes a esposa dele até poderá pensar em convidar-nos para jantar lá em casa, porque ainda por cima o meu filho é muito amigo do filho deles, e ele vai torcer o nariz, como é óbvio. esta minha inépcia social já não me prejudica apenas a mim, mas também à minha família. mas eu não consigo ser diferente. ainda por cima não me facilitam muito as coisas. os meus tópicos, aqueles que domino melhor, nunca, mas é que nunca mesmo, são ventilados em conversas ou encontros com pessoas semi-desconhecidas. nunca me aparece alguém que me fale de música, do último disco dos blonde redhead ou do rufus wainwright, por exemplo, ou de cinema, da obra de woody allen ou o último filme de martin scorsese, de livros, de séries de televisão ao menos…os meus conhecimentos nunca me vão ser úteis para nada. a "bagagem" cultural que tenho não me serve de nada no meu mundo real, no pequeno círculo a que pertenço e que me é dado para interagir. e esta é, de todas as minhas resignações, a que mais me custou a aceitar.

afectos envergonhados

desde pequenos que somos "gozados" por mostrarmos sinais de afecto. em casa, fazemos tudo para que os nossos filhos sejam afectuosos, ternurentos e afáveis; mas mal vão para a escola, esquecem rapidamente tudo o que lhes ensinamos. isto porque esse tipo de "comportamento" é frequentemente mal aceite e excomungado pelos colegas de escola. nas meninas ainda se tolera, mas em meninos é... motivo de chacota para o resto do ano lectivo.
sempre me habituei a despedir-me, todos os dias, do meu filho, quando o levava ao jardim de infância e agora à escola, com um beijo na face. ele sempre aceitou e retribuiu esse mesmo gesto de carinho; mas, mais recentemente, só o aceita e pratica quando ninguém está a ver, para não ser alvo de piadas. bem sei que é uma idade ainda muito tenra, 8 anos, mas é nestas idades que são lançadas muitas das bases para o futuro de uma pessoa. um princípio destes, gozar com o afecto e carinho, é sempre errado. no entanto, se esses mesmos miúdos virem o meu filho a partir o vidro de um carro com uma pedra, passa a ser considerado um herói. algo está mal nesta fotografia da actualidade escolar. aliás, actualidade nem é o termo correcto. já no meu tempo era assim... quem mostrasse coragem para fazer asneiras, para desafiar os professores, para gozar com os outros, para não fazer os trabalhos de casa, para bater nos mais fracos, era imediatamente considerado um líder nato pelos seus colegas. uma espécie de james dean, de "rebelde sem calças", mas com calções, fisga e pedras afiadas. o miúdo bem comportado, sossegado, respeitador e educado é corrido a termos como "betinho", "menino da mamã" e "quequezinho".
outro evidente sinal de que a afectividade não é, de forma alguma, bem recebida neste precoce meio escolar é a questão da "namorada". quando é que alguém é mais gozado na escola? quando se desconfia que essa pessoa gosta de outra. "ai o andré gosta da raquel"; "o tiago é o namorado da rita". para o meu filho, por causa deste tipo de reacções, o tema "namorada" é um tema tabu. nem sequer se pode pronunciar a palavra "namorada" lá em casa. tivemos que deitar fora todos os livros do fernando namora por causa disso. curiosamente, apenas uns anos depois, na adolescência, já é extremamente "cool" ter namorada. passamos da "vergonha" dos afectos para a "exposição" dos afectos, em pouco tempo.
a escola ideal seria aquela que ensinasse que nunca se deve ter vergonha de gostar de alguém. devemos ter vergonha de matar, de roubar, de forjar licenciaturas; nunca devemos ter vergonha de amar alguém, de assumir esses sentimentos, sem culpas nem receio de represálias. nem que essas represálias venham em forma de pedra afiada atirada com uma fisga...

dominado

considero-me uma pessoa organizada, sou viciado em pontualidade, devo olhar umas 354 vezes para o relógio (do meu telemóvel, porque não uso relógio). por norma, todos os meus dias são delineados mentalmente no dia anterior. também por norma, esses mesmos dias correm, sem surpresas, como o previsto. sei o trabalho que me espera, sei com que pessoas vou lidar, onde vou almoçar, a que horas hei-de ir buscar os meus filhos, a que horas vou chegar a casa, etc.. em suma, à primeira vista, a minha vida parece muito previsível e nada entusiasmante, sem distrações, sem grandes novidades, sem perseguições de automóvel ou bombas para desactivar no último segundo. sinto, por vezes, que domino perfeitamente tudo o que se passa na minha vida, na minha pequena redoma, sem necessidade de aventuras ou surpresas. uns chamar-lhe-iam conformação ou resignação. mas não é. acho que é mais uma plenitude, um estado de alma estacionário, que já percorreu várias estações de serviço ao longo da auto-estrada da vida e agora escolheu uma para ficar, controlando toda a sua área de jurisdição, incluindo as casas de banho e o refeitório.
por ser precisamente assim, como descrevi no longo parágrafo anterior, é que me irritam algumas imponderabilidades e incertezas. gosto de ter tudo delineado, agendado, programado; caso contrário a ansiedade acaba por dar cabo de mim. não devo ser o único a pensar assim ou a sentir isto. simplesmente gosto da sensação de ter tudo dominado e quando me vejo numa situação em que não sou eu a determinar ou a decidir, fico... meio perdido.
serve isto tudo para dizer que tenho saudades de algumas pessoas, pessoas essas que gostaria de ter mais vezes no meu dia-a-dia, mas que infelizmente não fazem parte daquela minha delineação diária. o que me transtorna ainda mais é não fazer a mínima ideia quando é que as vou voltar a ver. 24 de abril? 14 de setembro? 3 de dezembro? transtorna-me não ter uma data, uma ideia, uma certeza. daí a minha "revolta". tenho inveja das pessoas que lidam com os amigos todos os dias, no mesmo café, ao almoço, ao jantar, idas ao cinema, etc., um pouco como a série "friends". quando vejo a série imagino como seria fantástico ter algo assim, viver algo assim.
sinto-me mesmo impotente quando sou dominado pela minha incapacidade de dominar este aspecto da minha vida...

a nossa essência

vários escritores, romancistas e alguns canalizadores, apontam frequentemente que o homem só se conhece verdadeiramente em duas situações: quando está sob a ameaça de uma arma ou quando quer conquistar uma mulher. ou seja, a maneira como reage define o tipo de homem. há ainda uma terceira situação, embora seja apontada apenas por cientistas eslovacos: como o homem reage quando, num café, pede uma coca-cola e lhe trazem pepsi. para já, vamos deixar de lado esta terceira situação, pese embora toda a sua relevância.
toda a gente pode argumentar que ambas são situações de descontrole emocional, em que os instintos e os nervos falam mais alto. mas o verdadeiro descontrole é mesmo o homem. em ambos os casos, o controle aparente é... o disfarce. no primeiro caso, a pergunta que se pode fazer é: estaremos preparados para a eventualidade de morrer daqui a cinco minutos? claro que não, talvez em vinte se pudesse arranjar alguma coisa. ameaçados por uma arma estamos perante uma possível finitude, um encerramento perpétuo e definitivo do que fomos, do que construímos. e como reagiremos? em quem pensaremos? que contas deixaremos por pagar?
é impossível prever a nossa reacção. no fundo, tudo residirá no facto de termos coragem ou não para ripostar, para lutar pela vida. ou se, pelo facto de ripostarmos e lutar pela vida, não acabamos por apressar ainda mais as coisas e ainda chegamos ao céu antes de servirem o jantar.
na segunda situação, a maior parte de nós porta-se como um pateta. falsos encontros casuais diários cuidadosamente arquitectados, perseguições de carro, telefonemas constantes (mesmo anónimos), esperas junto da casa dela para ver se ela entra com algum outro homem, noites inteiras sem dormir a pensar no que dizer no próximo "encontro casual", em outras maneiras de a impressionar sem ser com o 18 que tivemos no curso de dactilografia. este imbecil - e não o cidadão adulto, respeitável, razoável, comedido - somos nós, quando nos apaixonamos. tudo o resto é fingimento. se calhar, é neste tipo de situações que acabei de relatar que somos mesmo nós, na nossa essência. obviamente, não somos todos iguais e, tal como na situação da morte à frente dos olhos, neste caso também há inúmeras possibilidades de reacção. também há os discretos, os que amam mas nem às paredes confessam, os que estão apaixonados mas só revelam a alguns muros e janelas. pois, somos todos diferentes e reagimos de maneira diferente.
mas, também vos digo, se me derem a tal pepsi no café, depois de eu ter pedido coca-cola, podem crer que... a bebo, resignado, sem levantar ondas. não sou desse género. infelizmente.

encomenda

como eu queria ser (e manifestamente não sou).
se me dessem a escolher, escolhia isto:

- a eloquência e a destreza de gerard depardieu em "cyrano de bergerac"
- os dotes artísticos e o virtuosismo de geophrey rush em "shine"
- a inteligência e o discernimento de morgan freeman em "seven"
- ser sedutor como daniel day lewis em "a idade da inocência"
- a pinta do jeff bridges em "os fabulosos irmãos baker"
- o sex appeal de george clooney em "out of sight"
- o sentido de humor de woody allen em "annie hall"
- o charme natural de hugh grant em "notting hill"
- o cavalheirismo de clint eastwood em "as pontes de madison county"
- a paixão profissional de robin williams em "o clube dos poetas mortos"
- o carácter meticuloso de tim robbins em "shawshank redemption"
- o optimismo e altruísmo de roberto benigni em "a vida é bela"
- a integridade de paul giamatti em "sideways".

quando é que me podem entregar isto tudo em casa??!!

o que serei daqui a 30 anos

sou uma pessoa de rotinas. tenho rotinas para tudo. para quando me levanto, ao pequeno almoço, ao almoço, no café, ao jantar, etc. não sou de maneira nenhuma uma pessoa muito dada a surpresas. tento evitar ao máximo lugares estranhos, onde me sinta desconfortável e desintegrado. não confio no meu sistema nervoso, porque por diversas vezes ele me atraiçoou, impelindo-me a abandonar esses mesmos lugares estranhos. são palpitações, suores frios, nervos, que levam a uma postura inquietante e sôfrega. daí que, por norma, eu frequente sempre os mesmos sítios e tenha a mesma rotina diária para tomar o pequeno almoço, almoçar e tomar café. ora, no local onde tomo café todos os dias, há já uns quatro anos, um sítio amplo, fresco, costumo escolher sempre a mesa encostada às paredes, ou que esteja numa extremidade, não gosto nunca de ficar no meio ou de costas para a porta. há dias, não havendo mesa livre dentro dessas minhas preferências, fiquei numa outra. por norma, até me poderia sentir deslocado, mas como já frequento há muito esse café, isso não aconteceu. mas até a empregada que todos os dias me atende, geralmente muito compenetrada e eficiente, pouca dada a small talk e confianças, deu conta do sucedido e comentou comigo, com um ligeiro sorriso, que eu estava muito fora dos meus locais habituais.
mas tudo isto serviu como preâmbulo para o que quero contar. nesse mesmo café, todos os dias, à mesma hora, entra um senhor, dos seus 75/80 anos, vai quase sempre para a mesma mesa (excepto se estiver ocupada). senta-se, não precisa pedir porque a empregada já sabe que ele toma todos os dias a sua cevada. ali fica cerca de vinte minutos, a beber a sua cevada, sem olhar para ninguém, apenas olhares vagos para a rua. nota-se que não está ali para observar ou ser observado. está ali porque aqueles vinte minutos fazem parte da sua rotina.
já o observei por diversas vezes e o homem não altera nada na sua postura. a cena parece repetir-se todos os dias, sempre da mesma forma.
de certa forma, vejo todos os dias o que serei daqui a 30 anos. os meus filhos terão as suas famílias, espero que tenham bons empregos e excelente estabilidade financeira, estarei certamente já divorciado, porque a minha mulher tem muitas qualidades mas não vai aguentar as minhas idiossincrasias e medos por muito mais tempo (espero estar enganado a este respeito), e sem amigos (pelos mesmos motivos atrás citados). a minha rotina será a mesma de hoje (excluindo a parte profissional). tenho a certeza que aqueles 20 minutos para a cevada, todos os dias, serão o meu único contacto diário com o mundo exterior. e a empregada do café receberá todos os dias as minhas únicas palavras a esse mundo exterior: "boa tarde!", "obrigado!" e "até amanhã"!...

sexta-feira, novembro 16, 2007

a morte

sinto o caminhar da morte ao meu lado.
o peso da sua presença esmaga-me,
dilacerando-me lentamente a alma.

será este o teu propósito,
o de esvaziar emocionalmente as tuas presas,
tornando-as indefesas e suplicantes
por uma rápida e indolor despedida?

creio não ter forças para lutar contigo.
invadiste de tal forma a minha mente,
que não consigo deixar de pensar em ti
e no que acontecerá a seguir.

tenho medo, sabes,
medo de te estar a provocar.
medo de partir sem levar quem amo.
medo de não conseguir ver crescer
aqueles que ajudei a criar.
medo de partir antes do tempo.

sinto que não tenho forças
para lutar contigo, morte.
sinto cada fôlego como o último,
o derradeiro som do meu respirar.
o coração parece apertar as minhas veias,
não quer bater, quer sossego e paz.

que fazer então, morte?
levas-me contigo para o fogo eterno?
arrancas-me do meu pequeno mundo,
onde me sentia amado e acarinhado?
e o que me dás em troca?

não, não definharei assim, sem dar luta.
posso sentir-me fraco e frágil,
mas não me entrego assim.
no final, até poderás ganhar,
despedaçar aquilo que fui,
estilhaçar e rasgar o meu corpo,
mas eu ficarei sempre com a sensação
de que fiz tudo para evitar ir contigo...

quinta-feira, novembro 15, 2007

post nº 600


estas nuvens estão a ficar cada vez mais pesadas...

quarta-feira, novembro 14, 2007

blonde redhead - messenger

o disco "misery is a butterfly" contém várias pérolas musicais. uma delas é esta "messenger". conheci os blonde redhead com este disco e foi paixão imediata. com o novo disco, "23", cimentaram a sua posição no meu top ten de bandas preferidas. vê-los ao vivo era uma aspiração antiga que concretizei na semana passada. e sim, são efectivamente muito bons, tanto em estúdio como ao vivo.

blonde redhead - anticipation

blonde redhead, a fabulosa banda que fez a primeira parte do concerto dos interpol, responsável por um dos discos do ano, "23", numa actuação na televisão, com o tema "anticipation", do disco "misery is a butterfly". espero ansiosamente por um concerto dos blonde redhead em portugal, com mais do que os 45 minutos que ofereceram no dia 7 de novembro, que souberam nitidamente a pouco.

interpol - public pervert

"public pervert" é uma das minhas músicas preferidas dos interpol. está no disco "antics", tal como outras duas de igual quilate, que também merecem vídeo de actuação ao vivo, como poderão constatar mais abaixo: "not even jail" e "take you on a cruise". estas três músicas são a cereja no topo do bolo num disco brilhante, o segundo da banda, o "temível" segundo disco que costuma "afundar" muitas bandas. tal não aconteceu com os interpol, que conseguiram elevar a fasquia de qualidade no segundo registo. o concerto foi há uma semana, é verdade, mas as músicas continuam a flutuar na minha mente. acho que vocês vão confirmar isto que eu estou a dizer nos posts imediatamente abaixo deste.

interpol - evil

interpol ao vivo, com uma das músicas que mais agitação causou no coliseu dos recreios no passado dia 7 de novembro, "evil", com o "rosemary" do início a ser cantado em uníssono.

interpol - slow hands

interpol ao vivo com "slow hands". desta vez a actuação é no "late night with conan o'brien.

interpol - not even jail

outra excelente música do disco "antics", dos interpol: "not even jail", ao vivo.

interpol - rest my chemistry

interpol ao vivo, no festival lollapalooza, em chicago, em abril deste ano. daniel kessler é brilhante, como sempre, na guitarra.

interpol - take you on a cruise

interpol ao vivo no eurockéenes 2005, com um dos meus temas preferidos do disco "antics": "take you on a cruise". "i´m timeless like a broken watch"...

interpol - pda

interpol ao vivo no programa de david letterman, com o tema "pda", de "turn on the bright lights". esta foi a primeira actuação de sempre dos interpol na televisão, como letterman faz questão de salientar no início.

interpol - obstacle 1

actuação ao vivo, com alguns anos já, dos interpol, com o tema "obstacle 1", do primeiro disco da banda "turn on the bright lights". e sim, é verdade, ainda estou a ressacar do concerto...

terça-feira, novembro 13, 2007

"roxanne"



no mesmo dia em que comprei "the princess bride", comprei "roxanne", igualmente datado de 1987. esta versão moderna da célebre peça "cyrano de bergerac", datada de 1950, de edmond rostand, foi realizada por fred schepisi, com argumento de steve martin, sendo que desta vez a acção se desenrola numa pacata cidade americana, onde c.d. bales (steve martin) é o comandante dos bombeiros (note-se que a personagem "c.d. bales" tem as mesmas iniciais que "cyrano de bergerac"). respeitado e admirado por toda a gente, c.d. tem, no entanto, uma particularidade física que as outras pessoas não conseguem deixar de reparar: o seu enorme nariz. quando roxanne kowalski (daryl hannah) chega à cidade, o comandante não resiste e apaixona-se, sem nunca lhe revelar o que sente, por se sentir obviamente constrangido pelo seu aspecto. por sua vez, roxanne sonha com um homem romântico, belo e inteligente. quando troca tímidos olhares com o belo chris (rick rossovich) começa a pensar que ele pode ser isso tudo. o problema é que, para além da beleza, rick não tem nenhum dos outros dois atributos, exibindo tanto romantismo e inteligência como uma máquina de lavar. quando c.d. bales toma conhecimento da paixão de roxanne por chris, bombeiro na sua corporação, resolve ajudar o pobre rapaz a cortejar a bela roxanne, escrevendo-lhe as cartas românticas em seu nome. ela apaixona-se pelo físico de rick e pela personalidade de c.d. (que ela pensa que pertence a rick).
com "roxanne", steve martin foi nomeado para o globo de ouro de melhor actor em comédia ou musical, venceu o prémio de melhor actor da los angeles film critics association e da national society of film critics awards, vencendo ainda o prémio de melhor argumento adaptado da writers guild of america.
mais um daqueles filmes para guardar muito bem lá em casa, ao lado desse portento cinematográfico chamado "cyrano de bergerac".

the princess bride

este é um daqueles filmes que eu julgava que nunca iria encontrar em dvd. produzido em 1987, acabou de fazer 20 anos, este filme fantástico (no género cinematográfico e na apreciação) foi realizado por rob reiner (responsável por filmes como "when harry met sally" e "a few good men", só para dizer alguns). no elenco constam nomes como cary elwes, mandy patinkin, wallace shawn, billy crystal, mel smith, peter falk, chris sarandon e uma estreante robin wright. tinha o filme apenas em vhs, gravado da televisão. quando o vi, apaixonei-me imediatamente. pelo humor, pelo nonsense, pela história de amor, pela personagem de mandy patinkin e a sua famosa frase "hello, my name is inigo montoya. you've killed my father. prepare to die", repetida até à consumação da ameaça. foi um deleite tornar a ver este filme, depois de o ter comprado na semana passada na fnac, em lisboa. encontrei-o numa prateleira recôndita, ao lado de filmes de qualidade muito duvidosa, no verdadeiro refugo. valeu a pena a insistência!

segunda-feira, novembro 12, 2007

telecabeleireiro

que neura, tenho que cortar o cabelo. irrita-me esta confusão em cima de algo que eu tanto prezo, o meu cérebro. parece o quarto dos meus filhos depois de eles lá terem estado a brincar durante uma hora. é que não há penteado possível, por muita ginástica mental que faça. o meu cabelo não obedece. podem vir ventos ciclónicos, katrinas and the waves, que ele fica exactamente na mesma, sem oscilar uns centímetros que sejam. a neura que esta anarquia capilar me provoca arrasta-se para o nível psicológico. por estas alturas ando irritadiço, depressivo, sorumbático, tal como fico, curiosamente, quando não faço a barba. costumo fazê-la todos os dias e quando isso não sucede, no fim de semana e sempre por preguiça, evito ver-me ao espelho, porque um hedonista só gosta de ver e de fazer coisas que provoquem prazer.
o cabelo curto, à ricardo araújo pereira, faz-me sentir novo, fresco, dentro do prazo. sinto-me um actimel, um espírito selvagem no auge da adolescência, apetece-me pegar numa fisga, saltar ao eixo, apalpar as miúdas e fugir, tocar às campainhas... até as borbulhas parecem surgir novamente. um tipo acorda, toma banho, lava os dentes, faz a barba e... mais nada! nem vale a pena olhar para a parte de cima da cabeça. para quê? o cabelo lá está, sossegadinho, no seu canto, sem levantar quaisquer ondas, o mais low profile possível. com o cabelo curto poupo cinco minutos de manhã, que até me poderão fazer falta à tarde ou à noite, nunca se sabe quando vamos precisar de cinco minutos. com o cabelo comprido, demoro uns largos minutos até me considerar apresentável para sair de casa e mostrar esta obra de arte capilar ao resto do mundo, que é como quem diz, viseu. sortudos dos habitantes de outras cidades...
é mais ou menos por esta altura que a pessoa que está a ler isto pergunta "mas por que raio é que não vais cortar o cabelo e pões termo a essa aflição?". antes de mais, muitos parabéns pela pertinência da pergunta. de facto, este blog pode ter poucos leitores mas a nível de inteligência não ficam atrás de um "abrupto" ou de um "há vida em markl". a resposta está no tempo que eu preciso de "angariar" para esse desiderato. no fim de semana é impossível: o meu cabeleireiro, onde já vou há quase sete anos, está sempre apinhado. nos dias de semana, saindo às 18h para ir buscar os filhos ao atl, também se torna complicado. já comprei uma daquelas máquinas para cortar o cabelo em casa, mas não durou muito tempo, tal o vigor e a robustez do meu cabelo. agora nem para cortar as sobrancelhas serve. desistiu mesmo, tirei a alegria de viver àquela máquina. a hora de almoço poderia ser uma boa solução, poderia, não fosse esse pequenino pormenor de o cabeleireiro também ter as suas necessidades alimentares. a verdadeira solução seria esta: telecabeleireiro. caramba, um tipo chegava ao telefone e solicitava um cabeleireiro. dizia a morada e trinta minutos depois estava à porta de casa um profissional do ramo, com os competentes acessórios. não sei como é que ainda ninguém se lembrou disto... vão lá tantas testemunhas de jeová bater à porta, tantos vendedores da tv cabo, tantos adventistas do sétimo céu, etc., e nenhum deles sabe efectivamente cortar o cabelo a quem necessita. daí a minha ideia ser tão simples e prática: chegar ao telefone e solicitar a deslocação de uma cátia vanessa ou de um marco antónio, escolher o tópico de conversa (futebol, política ou a indústria de cabedais na noruega), o preço, o modo de pagamento e se queremos ou não pão de alho a acompanhar...

quinta-feira, novembro 08, 2007

o concerto!

são 4:18 da manhã. sei que tinha escrito que voltaria a este espaço apenas na segunda-feira, mas não resisto a "despejar" a alma depois das emoções vividas há poucas horas no coliseu dos recreios, em lisboa. sala cheia de público ávido e conhecedor, que esgotou as bilheteiras. pudera, com duas bandas fenomenais no cartaz, não seria de esperar outra coisa. abriram o concerto os blonde redhead. os meus receios de que as suas músicas pudessem soar muito diferentes do que ouvimos nos seus discos dissiparam-se completamente. tocaram 4 músicas de "23", entre as quais a belíssima "the dress", e outras tantas do disco anterior, "misery is a butterfly". o único senão foi terem tocado apenas 45 minutos. soube a pouco. a doce kazu makino, dona de uma sensualidade latente, e os irmãos gémeos simone e amedeo pace foram irrepreensíveis em termos profissionais, mas deixaram-me, tal como ao resto do público, com "água na boca", à espera de mais. quem sabe se eles não regressam a portugal como cabeças de cartaz?...
depois, os interpol. era muito grande a expectativa de ver ao vivo uma banda com três discos editados verdadeiramente fabulosos, e eles não defraudaram ninguém. nas cerca de 20 músicas tocadas a entrega da banda e do público foi total, registando-se uma electrizante empatia logo ao primeiro acorde. "pioneer to the falls" abriu o concerto. seguiram-se "obstacle 1", "no i in threesome", "next exit", "pda", "the scale", "rest my chemistry", "narc", "lighthouse", "evil", "c'mere", "slow hands", "heinrich manouver", "mammoth", "take you on a cruise", "not even jail", "public pervert", "stella was a diver and she was always down" e "roland". foi vibrante, contagiante e superiormente interpretado, com paul banks a provar ser o vocalista com mais pinta do panorama musical actual, igualmente exímio na guitarra eléctrica, sam fogarino brilhou intensamente na bateria, carlos d. (de dengler), o baixista, foi, como costuma ser, o menos expansivo fisicamente, embora de uma eficácia tremenda. mas, para mim, quem mais brilhou, tal como tinha acontecido no concerto que vi deles na semana passada na sic radical, foi o guitarrista daniel kessler. é ele que marca o ritmo da banda, sempre enérgico e com uma postura desconcertante em palco. impecavelmente vestido com um smoking cinzento, kessler foi o centro das atenções, com os seus solos de guitarra magistralmente executados. o som dos interpol ao vivo não difere muito, e ainda bem, do que se ouve nos seus discos. por isso foi fácil, para os apreciadores da banda, acompanhar as músicas, alternando entre uma bateria imaginária e as guitarradas com os dedos a roçar na camisola. no final, o sentimento era de satisfação total. tinham sido preenchidas todas as expectativas que haviam sido criadas nestes longos meses de espera pelo concerto. até mesmo em termos das músicas apresentadas (da minha lista de preferências, só faltou mesmo a "pace is the trick", do último disco).
eu e o ricardo, que até fazia anos nesse dia (ontem, portanto), saímos do coliseu e, depois de "gambrinos" e "maria caxuxa", acabamos por ir parar ao lux. ambiente morno, música jazz ao vivo, poucas pessoas. pedimos algo para beber e sentámo-nos num sofá. quando olhamos para o lado direito, vemos que, a passar por trás do palco, vêm duas mulheres e um homem. ambos ficámos com a impressão de que o tipo era parecido com o guitarrista dos interpol. conforme o trio se foi aproximando, porque tinham que passar por nós para aceder às escadas, essa impressão passou a constituir uma realidade inquestionável. era ele, o daniel kessler, ali, à nossa frente. levantámo-nos imediatamente e fomos cumprimentar o homem (deus? guru? supra sumo? de laranja, se faz favor). ele foi muito simpático e aturou a nossa reverênica pacientemente, embora parecesse estar de saída. "great show man", foram estas as palavras que lhe disse, enquanto lhe apertava a mão. há dois anos, quando vi american music club, no santiago alquimista, fiz o mesmo com mark eitzel no final do concerto. momentos como estes agradecem-se e guardam-se na memória.
são agora 5:02. vou-me deitar. na minha cabeça continua a ecoar o "rest my chemistry". "but you'se so young, so young to look in my eyes".

terça-feira, novembro 06, 2007

pior timing possível...

olho para o calendário e verifico que vou estar cinco dias seguidos sem trabalhar. ena, ena, que fartura! o tempo até está quentinho e tudo, portanto, vai ser fantást... não, não vai. é sempre assim, já sabia que ia ficar doente. este até estava a ser um ano com poucas gripes, aguentei estoicamente o verão todo, fiz tudo bem, comi fruta, legumes, etc., lavei os dentes, arrumei a garagem, separei o lixo, meti gasolina no carro, saí de casa sempre pela porta. e qual é a minha recompensa? uma torradeira? uma máquina de lavar? vá lá, um porta-chaves, no mínimo?... não, a um insignificante dia da minha viagem até à capital, a gripe bate-me à porta. infelizmente, eu estava em casa. hoje têm sido chás atrás de chás, halls mentholyptus em catadupa, montes de lenços de papel e voz à joão malheiro. o objectivo é curar tudo isto rapidamente, entrando em estágio forçado, que consiste em vestir o pijama, embrulhar-me em três cobertores, fazer o ar mais desolador e cabisbaixo possível com o intuito de receber mais miminhos, beber coisas quentes (tudo menos mel, essa aberração de sabor) e tomar alguma medicação, para amanhã estar em plenas condições físicas para pular, berrar, esbracejar, cantar, dançar e fazer figuras ridículas de adolescente assoberbado no concerto interpol/blonde redhead. caramba, agora reparo que a frase anterior talvez tenha sido a mais longa que já escrevi. é da gripe, certamente. em todo o caso, o entusiasmo é enorme, como não poderia deixar de ser, tendo em conta o "cardápio" musical. tenho o mp3 preparado, carregado com interpol, radiohead, blonde redhead, death cab for cutie, slowdive, devics e red house painters, auscultadores em condições e leitura devidamente escolhida ("pura anarquia", de woody allen). só tenho pena que o jogo sporting - roma não seja hoje, até me ajudava a recuperar mais depressa, com dois ou três golos do liedson (ainda por cima não vai jogar o totti). amanhã não vai dar para ver, infelizmente. hoje vou ter que "levar" com o benfica e o fc porto na televisão. por falar em televisão, excelente episódio ontem dos "sopranos". mas já estou a divagar. serve tudo isto para dizer que... volto segunda-feira.

segunda-feira, novembro 05, 2007

o que seria do sporting sem liedson?


é oficial: liedson é o meu jogador preferido de sempre do sporting. há muito que o brasileiro andava a "ameaçar" o posto, por onde já passaram jogadores como manuel fernandes, stan valckx, douglas, balakov, luisinho, andré cruz...
liedson é inteligência, raça, subtileza. a forma como marcou o segundo golo ao fátima comprova toda a sua inteligência. um toque a tirar a bola do guarda-redes, mais um toque a tirar a bola do defesa e remate para o único sítio possível, no meio de cinco jogadores. ontem, o golo à naval é pura arte! e como ele merecia ter marcado aquele penalty, porque foi ele que o conquistou, a sua garra, a sua férrea vontade de procurar sempre a bola, de nunca desistir de um lance. caso o guarda-redes da naval não tivesse feito penalty, o golo seria de liedson. enfim, injustiças. e ainda por cima joão moutinho falhou a conversão...
dá gosto ver jogar liedson, porque ele está sempre em jogo, tendo ou não a bola nos pés. não tem tiques de vedeta, é humilde o suficiente para saber que tem que jogar sempre no máximo das suas capacidades, seja com o pinhalnovense, seja com o manchester united. nem quero pensar na eventualidade da sua saída de alvalade. primeiro porque liedson é insubstituível em termos de profissionalismo, dedicação e rendimento desportivo. e depois porque o ataque leonino ficaria entregue a esses verdadeiros azelhas chamados purovic, yannick e celsinho.
por mim, e já disse isto várias vezes neste blog, liedson ficaria até aos 40 anos, até não se poder baixar para ajeitar a bola antes de marcar um penalty.