quinta-feira, maio 31, 2007

a resposta do RAP

resposta, à altura, de ricardo araújo pereira ao "escandaloso" e "vergonhoso" caso do genérico plagiado do programa "diz que é uma espécie de magazine", que foi assunto de primeira página, com fotos e tudo, do "conceituado" jornal "diário de notícias". ao mesmo jornal, na edição de 29 de maio, rap respondeu com elevação, utilizando as suas grandes armas: a ironia, o sarcasmo e o humor. "dá primeira página em qualquer parte do mundo. parabéns ao DN por se ter adiantado ao le monde". muito bem! é uma prática comum neste país de invejas tentar deitar abaixo, destruir, espezinhar e maltratar tudo o que tenha sucesso. enquanto estiveram enfiados na sic radical, os gato fedorento eram um produto de culto e de elite. quando passaram para a televisão pública, deixaram-nos em paz enquanto tinham fracas audiências, embora a qualidade fosse a mesma ou superior. depois, chegado o inevitável sucesso de audiências, vêm as três fases crónicas: 1ª, sim, este tipo de humor inteligente já merecia um público mais vasto; 2ª, é impressão minha ou os programas têm cada vez menos qualidade? acho que já esgotaram o filão. antigamente tinham mais piada; 3ª, peneirentos dum raio, julgam-se os maiores. quem é que eles pensam que são?". na comédia em portugal acontecem ciclicamente episódios deste género. foi assim com camilo de oliveira, badaró, carlos miguel (o eterno "fininho" do "1,2,3"), marina mota e carlos cunha, herman josé. o público "mastiga-os" e "deita-os fora" com uma rapidez assustadora. chegou a vez do "gato". mas, neste caso, acho que a capacidade de eles se defenderem é infinitamente superior à qualidade dos ataques desferidos.

"A música está isenta de direitos de autor

Dizem que é uma espécie de plágio. Como reage?

Com o dicionário. Plágio é a apropriação do trabalho alheio sem indicação da origem. Quando apresentámos o genérico à imprensa, indicámos a origem da ideia e a razão pela qual mantivemos o Un, deux, trois, quatre. Não há referências a Claude François porque a canção que ele canta é, basicamente, a conhecidíssima música tradicional inglesa Three Blind Mice. Sendo uma música popular, o autor é desconhecido. Como foi o maestro Ramón Galarza a fazer os arranjos, é ele que assina. Já agora, poupo trabalho futuro ao DN: também não compusemos a música do genérico do nosso programa da Radical. E os Painéis de São Vicente, que usámos na série da RTP, não foram pintados por nós. E também não pedimos autorização ao autor para os usar. Uma coisa garanto: no dia em que queiramos fazer-nos passar por compositores, com todo o respeito pelo François, optaremos por Bach.

Acha que estão a exagerar o assunto por inveja?

Não. É um assunto importante. Estamos a falar de um genérico cuja música é a adaptação duma canção popular. Dá primeira página em qualquer parte do mundo. Parabéns ao DN por se ter adiantado ao Le Monde.

Se tivesse só cem mil espectadores, davam conta do episódio?

Não percebo a pergunta. No DN de dia 23 assina uma notícia em que afirma: "Os humoristas assumem, desde o início, que a ideia não é deles." Agora, diz-me que alguém "deu conta do episódio". Se assumimos desde o início, de que "episódio" é "deram conta"? Só se for este: nós, não sabendo compor música, usámos uma que já existia (isenta de direitos de autor). Depois, explicámos o modo como o genérico foi concebido. Seis meses depois, inspirado por blogues, o DN faz manchete revelando ao País o que nós nunca escondemos. Só houve um pormenor que o DN se esqueceu de revelar: que a música em causa está isenta de direitos de autor.

Não deixa de ser curioso que seja no YouTube, onde o Gato tem os vídeos mais partilhados, que se tenha descoberto o original...

O facto de termos indicado o original a partir do qual fizemos o pastiche é capaz de ter facilitado a "descoberta". Curioso é que, no YouTube, se encontrem também várias versões do Three Blind Mice, como esta (http/youtube.com/watch?v= kPNC1WsVxdU) e o DN não tenha dado por isso. Talvez quando um blogue fizer esse trabalho.

Acredita que o assunto pode ter algum impacto no sucesso do programa?

Claro. No sucesso do programa e também no futuro do País.

O Gato Fedorento pagou os direitos ou obteve o consentimento do autor original da música para utilizá-la no genérico do programa?

Nem uma coisa nem outra, na medida em que o autor original da música é um inglês não identificado que terá vivido no século XVI. Não digo que seja impossível obter o seu consentimento, mas nós achamos complicado. Manias. No entanto, se o DN o encontrar, teremos todo o gosto em pagar-lhe".

6 comentários:

Anónimo disse...

olá.
não vou discutir a questão - essa é mais que óbvia - mas discuto a eterna conversa da tanga que se enrola nestas coisas. espero que não me leves a mal o comentário.

"1ª, sim, este tipo de humor inteligente já merecia um público mais vasto; 2ª, é impressão minha ou os programas têm cada vez menos qualidade? acho que já esgotaram o filão. antigamente tinham mais piada; 3ª, peneirentos dum raio, julgam-se os maiores. quem é que eles pensam que são?"

neste caso, assiste-se ao inverso: ninguém pode dizer mal de nada porque é imediatamente invejoso e apenas quer mal. o programa dos gato fedorento é uma valente bosta. denota preguiça e está mais que viciado nas suas próprias piadas e tiques. como dizia o outro: já não há paciência. esta é apenas uma avaliação de gosto. o caso do genérico apenas teve uma pessoa do lado de lá - o DN, que tentou vender uns jornais. de resto, não houve assim tanta gente a crucificá-los. mas aparecem logo uma horda de defensores de qualquer coisa demasiado vaga.
o que me levou a responder foi perceber a tua generalização: não se pode dizer mal. essa vitimização é reflexo sempre de qualquer coisa. nada verdadeiramente sólido e imbatível é alvo dessas críticas. os casos que dás, meu deus: badaró ou o fininho? camilo de oliveira? marina mota? meu deus!!! se foram cuspidos é porque os bonecos deles morreram de cansaço. eles próprios mastigaram a única coisa que sabiam fazer. quando acaba o sabor a única coisa a fazer é mesmo cuspir fora. ok, no estrangeiro é diferente porque há sempre uma esquina triste onde estas pessoas e artistas podem continuar a ser o que são. um público pequeno como o portugês nao se pode dar ao luxo de aguentar na ribalta todos estes coitados que ainda pensam que são bons e que, mais uma vez, são os outros que não os deixam ser bons. acho bem que exista essa crítica e quase sempre é justa, salvo alguns erros que quase sempre vêm da imprensa. que isso aconteça - com muita pena minha - ao herman, é algo que acharei natural. afinal de contas, já mastigámos todos o que ele faz e o sabor foi-se. é a cruel verdade dos factos. e sermos muitos a dizer isso é apenas a demonstração da unanimidade e não um conluio nacionalista contra os símbolos eternos da nossa lusitânia a preservar para todo o sempre.

abraços
paulo santos

josé alberto lopes disse...

os casos que apontei foram meros exemplos de como o público destrói os mitos que cria, muito rapidamente. houve alturas em que, a nível da comédia, os programas de marina mota eram um sucesso de audiência, com os chavões a serem repetidos ad nauseum pelo público. o mesmo sucedeu com os malucos do riso, batanetes e sucedâneos. a minha questão nada tem a ver com a qualidade desse tipo de programas, mas sim com a rapidez com que são assimilados e devorados pelo público, a mesma rapidez com que os abandona e os vota ao esquecimento. o caso dos gato fedorento, que a nível de qualidade nada tem a ver com os exemplos que apontei, excluindo o herman, já pertence a outros domínios, houve uma clara evolução que levou os domínios do "bota abaixo" para outras áreas, como sejam a política, a religião, o aborto, enfim, tudo o que resulte de um sketch mal interpretado. certamente que ninguém, em tempos idos, se meteu com o camilo por ser do pcp, ou com a marina mota por ser do sporting, ou com o fininho por ser a favor da legalização do aborto. a exposição dos gato hoje em dia, muito maior em termos de entrevistas, blogues, rádio, televisão, do que antigamente, leva a que o número de tópicos, potenciadores e catalizadores do inevitável desgaste junto do públcio, aumente consideravelmente. não questiono a qualidade do programa, eu próprio admito que os últimos 6 ou 7 "magazines" foram relativamente fraquinhos, mas mesmo assim são infinitamente superiores ao que estamos habituados em termos de humor neste país. a generalização que se faz quase sempre em portugal é arrasar tudo o que tenha sucesso EM PORTUGAL. se o figo, o ronaldo, o rui costa, tivessem continuado a jogar no nosso país, não teriam tanta unanimidade e credibilidade como hoje têm. mariza, madredeus, manoel de oliveira, joaquim de almeida (que é um actor vulgaríssimo), são todos mais respeitados pela carreira internacional.
a questão do humor em portugal sempre suscitou divergências, sobretudo as que nascem do confronto "humor inteligente" para a elite e o "humor brejeiro" para o povinho. o que me parece que os gato conseguiram, e é algo que nem o herman em 25 ou 30 anos de carreira foi capaz de fazer, foi chegar a uma unanimidade improvável, tanto de aceitação como de audiências. e acho que ninguém estava preparado para isso. as unanimidades assustam, fazem-nos sempre desconfiar e, no final, fugir delas, para sermos diferentes e mostrarmos que nos recusamos a "fazer parte do rebanho". sempre foi assim. coldplay soava muito bem no primeiro disco; quando toda a gente começou a gostar, passou a ser comercial e uma xaropada para adolescentes. ou seja, as coisas só são boas quando as sentimos como nossas, como raridade, como algo que sabemos que a maior parte das pessoas não conhece nem nunca virá a conhecer, e por isso sentimo-nos como que privilegiados. esse sentimento desvanece-se quando essa "novidade" se espalha, se massifica. "eu gostava, mas agora toda a gente gosta o que é que eu faço? vou deixar de gostar, para ser diferente". é isto que se passa e sempre se passará em portugal. o que se passou nesta infeliz história do DN foi tentar aproveitar, em termos de vendas, um certo burburinho que vem crescendo há muito, desde o sketch a imitar o marcelo sobre o aborto (sketch genial!), desde o célebre cartaz a gozar com o PNR, episódios que irritaram muita gente e lhes granjeou uma horda de inimigos. e que melhor altura para destruir alguém do que quando esse alguém está no topo? audiências e vendas garantidas. nem o 24 horas fez um espalhafato como o do DN...
bem, isto já vai longo e queria concluir o meu raciocínio da seguinte forma: haverá sempre forma de atacar quem tem sucesso e fama, pode-se efectivamente dizer mal de tudo, questionar tudo (a igreja, a religião, o governo, a democracia é assim e ainda bem que assim é), mas ataques rasteiros e mesquinhos como este, com nítidos propósitos de descredibilizar e subvalorizar o trabalho de alguém estão ao nível de boatos como o do melão e o calado, o vitor baía e o césar peixoto, o reinaldo e a laura diogo, etc.. e esse género de "jornalismo" é sempre condenável.
abraços,
josé alberto lopes

Ricardo disse...

Os Coldplay tornaram-se - conscientemente, de resto - numa banda que decidiu agradar às massas. E conseguiram-no. De álbum para álbum tornaram-se menos originais, mais comercialóides e só assim conseguiram atingir o objectivo que a certa altura definiram para a sua carreira: vender milhões de álbuns, sacrificando a qualidade da música. Não se trata de deixar de gostar porque toda a gente gosta. O que se passou foi que muito mais gente começou a gostar da música deles porque, de facto, eles se tornaram numa banda banal, e com um tipo de som muito mais acessível. Com certeza que se os RHP ou os CZARS ou os Radiohead decidirem fazer um álbum todo pimparola ou com um som parecido com Shakira mais gente irá passar a gostar deles, e tu, inevitavelmente deixarás de gostar - não porque mais gente gosta mas simplesmente porque a música deles ficou pior (na tua opinião). Lá porque gostámos muito de uma determinada banda no início não quer dizer que tenhamos que gostar dela para o resto da vida. O que não falta por aí são grupos com óptimos primeiros álbuns que depois descambaram nos seguintes.
Quanto ao resto concordo com o que o Paulo disse. Aliás, já tinhamos - tu e eu - falado sobre o facto de o programa dos Gato estar cada vez pior (sem o RAP, valeria mesmo zero, acho eu). Ora se nós não podemos falar mal do trabalho deles quando eles estão de facto uma merda, quando é que havemos de o fazer?...
Abraço.
PS - o Vítor Baía é o maior.

josé alberto lopes disse...

ninguém disse que não se podia dizer mal deles. falei apenas, na introdução da entrevista do rap ao dn, sobre o caso do genérico plagiado e da exposição mediática que teve. como tenho também direito a ter opinião, condenei tal situação, juntando-lhe alguns laivos de conspiração e perseguição ao quarteto (que eu, igualmente no meu direito a ter opinião, acredito que existem), que começou nos blogues e chegou rapidamente à imprensa. tornaram-se rapidamente em alvos a abater, como o comprovam igualmente os comentários aqui colocados. é muito ténue a linha entre a genialidade e a mediocridade, mas neste caso nem se pode falar numa linha, ela nem sequer existe. por isso, acho bem que os tirem imediatamente do ar, que os emprateleirem ou mandem para a rtp áfrica, e ponham no ar algo decente, para as elites, para todos aqueles seres intelectualmente superiores e eruditos, como dança contemporânea, ballet, ópera. caramba, é preciso tirar esta escumalha da televisão. se tem sucesso na província (tudo o que não seja lisboa), não serve para nós. rua com os gatos...

Ricardo disse...

Hã?...

Anónimo disse...

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bom, queria comentar a tua resposta anterior... mas agora perdi-me e acho que perderia muito tempo a escrever tudo o que quero. acho que, honestamente, há aqui muitas questões erradas e extrapolações estranhas. parece que tu podes ter opinião mas eu, por exemplo, não? ou, pelo menos, sem que isso tenha consequências quase fascistas? eu gosto de eliminar da minha vida o que não gosto - presumo que gostes também disso. aceito que tenham todos sucesso se alguém lhes der esse valor. por mim, não dou, e prefiro ver coisas que gosto. tal como tu preferes ter os gato fedorento no ar do que os batanetes. e no entanto, sobre os batanetes terias a mesma reacção que eu.
bom, isto numa conversa de café teria um final feliz, aqui pelos vistos é mais complicado.

um abraço,
paulo santos