quinta-feira, fevereiro 09, 2006

serenidade

era tão serena aquela tarde, somente o som e a espuma das ondas
como carícias meigas de mãos puras.
o calor doce envolvia-nos numa cumplicidade silenciosa,
apenas os nossos olhos teimavam em se encontrar,
em detrimento daquela imponente imagem de pôr do sol.
ao longe não se erguiam adamastores tétricos
nem se previam tempestades,
antes se desenhava um horizonte longínquo de dominante azul
em perfeito contraste com o laranja do sol.
a praia, de areias açucaradas,
beijada por uma irresistível mansidão líquida,
estende-se até aos confins do olhar.
a natureza conversava entre murmúrios de amor,
namorando-se e amando-se na concretização das paixões eternas,
ciciando juras que mais ninguém deve escutar.
nos nossos rostos rasgavam-se inocentes sorrisos,
os nossos olhares encontravam-se no emaranhado da nossa timidez.
assim ficámos até o último raio de sol desaparecer,
as palavras não passaram de meros esboços,
receosas perante a invisibilidade de uma emoção
ou a aspereza de um instinto nocivo.
as letras são os tons da nossa alma,
da nossa força ou da nossa fraqueza.
nesse fim de tarde sereno imperou o olhar,
contemplativo, de pura adulação,
tornado desespero, como quem sabe que um prazer vai acabar,
ou alguém, que amamos, parte sem nós!

4 comentários:

Anónimo disse...

Bonitas palavras. Tanta serenidade quase me embalou a alma... demasiado conturbada para se embalar... o final deixa, contudo, uma sensação de desconforto... ninguém gosta de "finais", mesmos finais felizes nunca são finais pois deixam no ar a ideia de eternidade e intemporalidade presente no "para sempre".

Com amizade,
A. Duarte Lázaro

Anónimo disse...

este não é o lugar correcto para estas coisas mas eu gosto de expressar amizade, admiração e sentimentos "adjacentes" às pessoas que são objecto destes meus sentimentos. Gosto também de me despedir das pessoas que gostei de conhecer. Por isso mesmo (e porque não tenho outra forma de entrar em contacto contigo), venho aqui para me despedir, para dizer que gostei muito de te conhecer e à tua família, que tens 2 filhos lindos e que vos desejo o melhor que há nesta vida.

Até qualquer dia,
Ângela Duarte Lázaro

SpiritMan aka BacardiMan disse...

Ilá! Belos monólogos de amor, partilhados ou não, não interessa, mas cheios de sentido sim, e sentidos ganham vida...

Gostei sim!

Cumprimentos mixed by Jameson 12 anos!

Anónimo disse...

Um texto pleno de serenidade, beleza e excelentemente bem escrito.
Abraços