terça-feira, fevereiro 07, 2006

introspecção

respondendo ao "desafio" lançado pela cláudia, no seu blog devaneios da cor do céu, aqui fica o exame do meu estado de consciência:
O que me define:
O Tempo. Frio, chuva, lareira, musica, adormecer os filhos, cafe, cobertor, filme, conversa agradável, adormecer acompanhado. Sol, primavera, parque, relvado, os meus filhos, a minha mulher, regressar a casa, lanchar. acho que consigo ser extrovertido e alegre, como um dia de sol; mas também sorumbático e depressivo como um dia de nevoeiro ou de chuva. tento ser um bom pai, um bom marido, um bom filho, um bom amigo, mas para as pessoas se darem bem comigo têm necessariamente de compreender estes estados de espírito e a minha inconstância emocional. depois há o lado profissional e esse obriga-me a estar constantemente atento aos pormenores, de tal forma que só consigo descansar completamente a mente, ou seja, tirar o "trabalho" da cabeça, quando fecho as edições dos jornais. até lá, tenho 4 jornais na cabeça, pagino-os mentalmente, penso sempre que poderia alterar mais alguma coisa. só quando vai tudo na caixa para a tipografia é que descanso e, aí, volto a organizar o meu cérebro, da mesma forma que se arruma uma divisão lá em casa.
O que adoro:
gosto de me sentir apaixonado, seja por uma musica, por um filme ou por outra coisa qualquer. adoro adormecer a minha filha ao som de sigur ros, mark eitzel, red house painters ou the czars; de assistir diariamente à evolução natural da minha filha; do seu sorriso desarmante; de passear na rua de mão dada com o meu filho, do olhar meigo dele quando me quer pedir alguma coisa; de adormecer agarrado todos os dias à minha mulher; de saber que tenho um grande amigo, longe mas sempre perto, com quem posso falar sobre tudo, ir assistir a concertos memoráveis ou simplesmente vaguear por esse país fora, sem destino. mas também do menos etéreo, como andar à chuva. há dias senti mesmo necessidade, pura, de me deixar ficar na rua, à chuva, a olhar para o céu, a contemplar os fios de chuva. adoro ter conversas estimulantes com pessoas igualmente estimulantes, aquelas que nos fazem "crescer" espiritualmente e emocionalmente. gosto de escrever poemas quando sinto a inspiração bater-me à porta. gosto de olhar para o produto final do meu trabalho e sentir-me realizado. uma taça de mateus rosé fresco num dia de calor intenso, numa esplanada à beira mar. um capuccino num dia frio, com muito chantilly para comer à colherada, ao pé de uma lareira. um cachecol aconchegante num dia de inverno. uma piscina familiar no verão. serões com os amigos a jogar playstation.
O que me faz voar:
a inspiração. por vezes há músicas que "tocam" mesmo e provocam sentimentos tão belos que têm mesmo de ser registados, de alguma forma. as letras de algumas músicas, de alguns poemas, as palavras certas no momento exacto. ver o "cyrano de bergerac", apaixonar-me pela personagem e desejar ter pelo menos metade da sua eloquência. ouvir a minha filha dizer "papá". o sorriso imediato dela quando eu chego a casa. os elogios da minha mulher e dos meus amigos (quem não gosta de ouvir elogios?). saber que sou importante para algumas pessoas.
o "clic" que se dá quando estou a conhecer uma pessoa e descubro nela inúmeros pontos em comum comigo. a musica 10 do ultimo album dos sigur ros; a musica "bird guhl" dos antony and the johnsons. "rollercoaster", dos red house painters. "concentrate", dos the czars. "listen", dos lambchop. "paralyzed", dos ride. e clássicos como "save a prayer", dos duran duran, e "purple rain", do prince. a musica faz-me voar, sempre!
O que me quebra as asas:
sentir-me impotente quando os meus filhos estão doentes. quando desiludo alguém inadvertidamente. sentir-me defraudado quando elevo demasiado as expectativas.
hipocrisia, mentira, vaidade, mesquinhez, desconfiança, estupidez, ganância, as modas (consegue-se impingir tudo em portugal: d'zrt, zés cabras, margaridas rebelo pinto, telenovelas ocas. a máxima é: se é assim tão falado, nas televisões e nas rádios, é porque é bom. não se pensa pela própria cabeça), quando as pessoas querem ser mais do que aquilo que são.
Porque gosto de viver?
porque tenho tudo aquilo que sempre quis ter: família (mulher fantástica, filhos doces e lindos, pais atenciosos), amigos (poucos mas bons!) e realização profissional (nos jornais onde trabalho). quero ver, acima de tudo, os meus filhos a crescer e ajudá-los a ultrapassar todos os obstáculos e barreiras com que se vão confrontar eventualmente. porque quero ainda apaixonar-me por mais 300 musicas e mais 300 filmes. porque quero ver se algum dia vou ser capaz de escrever alguma coisa que faça sentido e de que me orgulhe o suficiente para me sentir realizado.

8 comentários:

Anónimo disse...

ola
Comentar?? Nao sei bem... pois acho que tu dizes tudo... mas acredita que és mesmo especial... e ja sabes que podes contar comigo para qualquer coisa... estarei sempre aqui para te apoiar...

Beijos

Andreia

marCOX disse...

muito bonito...

Anónimo disse...

Isto é uma verdadeira extrospecção!

Ricardo

Anónimo disse...

A tua filha já diz papá?!!! Céus, como crescem depressa! :)

É engraçado como se vai conhecendo uma pessoa pelas letras...

Bonito o que dizes de ti. Lindo ouvir-te falar dos teus filhos que, sublinho, são mesmo lindos.

Um beijinho com amizade

A. duarte Lázaro

Cláudia Faro Santos disse...

Eu sabia que não me ías decepcionar!
Pela pessoa que és, pelo que podes sempre vir a ser...
Parabéns!
Estas nuvens estão inundadas de luz e pureza...

(Feliz por estar aqui)

Anónimo disse...

Se calhar o primeiro reflexo que mostras é "a tua inconstância emocional"...
Chega a ser irritante, insuportável até, mas felizmente com o tempo vão nos chegando outros reflexos...

A melhor táctica para não defraudares expectativas, sem deixar que o espelho se quebre!

Anónimo disse...

Está visto que este comentário só pode ser de um anónimo(a) que te conhece muito bem, ó Zé!...

Ricardo

Anónimo disse...

Soul clouds but not hiding the shiny person you are...Just be yourself and you will always feel safe in this cloudy world!